Pode- se ver que a literatura comparada é uma forma de investigação que nos coloca a diante de duas ou mais literaturas ela não pode ser vista de diversos âmbitos sendo também uma forma de comparação, utilizando de um campo muito importante que é a interpretação dos objetivos propostos. Foi no século XIX que o termo literatura comparada se dará e a partir de então irá se expandindo por todos os lados em países como Alemanha, Inglaterra, Itália e Portugal entre os anos de 1887 a 1912.Independente de onde a havia chegado ela ainda manteve os traços franceses, ainda que estes fossem de certa forma ambíguos ou imprecisos. A literatura comparada sofre competição como todas as literaturas seja ela nacional ou universal. E assim a partir dessas competições e desse percurso que a literatura cai seguindo ela começa a ter o status de disciplina conhecida e passa a ser vista também como um ramo da história literária. Nota- se como já no Brasil a literatura clássica vem a encontrar um de seus mais fervorosos seguidores “Tasso da Silveira” que absorve integralmente as regras de seus mestres franceses, a literatura comparativa brasileira, que por sua vez era muito rica e se tivesse sido tomada como principio geral e dada uma maior importância, seria muito útil para o país, porem foram tomados como exemplos as literaturas francesas e inglesas e o Brasil deixou seus literatos sendo apenas como uma sobra de tudo que se diz e se faz sobre o avanço da literatura comparada. O nome de João Ribeiro pode se anexar ao de Otto Maria Carpeaux, o de Eugênio Gomes e o de Augusto Meyer. As "fontes" machadianas foram um constante estímulo para os críticos do autor, assim como em Machado de Assis, Meyer exercitou suas pesquisas de “fontes” nas sugestões de Curtius de quem promoveu a tradução da obra Literatura européia e idade Média latina (1948), ao definir a literatura comparada como "história das relações literárias internacionais", compreende as como simples comércio internacional da cultura e propõe a investigação dessas relações apenas em seus aspectos mais superficiais. Podemos ver que os estudos comparados mais recentes incorporam os princípios desenvolvidos pela teoria literária, modificando suas formas de atuação. Através dessa leitura fica claro que a obra literária se constrói como uma rede de "relações diferenciais" firmadas com os textos literários que a antecedem, ou são simultâneos, e mesmo com sistemas não-literários. Um ponto bastante importante é que a literatura pode ser vista também como conceito moderno de imitação ou cópia perdendo através dessa discussão seu caráter pejorativo, diluindo a noção de dívida antes firmada na identificação de influências. Além disso, sabemos que a repetição (de um texto por outro, de um fragmento em um texto, etc.) nunca é inocente, a invenção não está vinculada a idéia do novo. Segue então o paralelismo diagramático de Drummond que alguns dizem ser traiçoeiro e o leitor que pensasse numa reprodução fiel, diria que o poema é um exercício de reescrita. Porém, identificadas todas as muitas correspondências que existem do segundo para o primeiro texto, a análise delas começa a ser reveladora. Drummond atualiza, reescreve o momento histórico e recria. Os aspectos formais dos poemas ficam, nessa perspectiva, relegados. Para ele, tudo se reduz a um conflito de gerações e a uma série de mecanismos de defesa que, acionados, regem as relações intrapoéticas. Apesar disso, contribui para a reflexão sobre a literatura comparada, porque obriga a que se contraponha a sua teoria à da intertextualidade, tal como J. Kristeva a formulou.
Já Eliot, em 1917, no conhecido ensaio "A tradição e o talento individual"15, no qual discute o fazer poético, a crítica e a poesia, sustentou noções que são básicas para uma renovação dos estudos literários comparados. Ao comentar a inclinação natural do leitor de buscar a peculiaridade de um poeta, sempre que o aprecia em relação a outros. Quando tomamos contato com o mundo labiríntico de Jorge Luis Borges e com as múltiplas referências sobre a criação literária dispersas em sua vasta obra, este pensamento de Valéry parece explicar o sentimento que move muitas vezes o escritor argentino, sempre pronto a baralhar os dados, a desfazer o já feito e a ver os fatos sob um ângulo inovador. Tudo começa a ganhar sentido: os textos são na aparência iguais, mas a face invisível deles, a que se revela pelo deslocamento temporal efetuado (o texto de Cervantes reaparece idêntico três séculos depois), modifica integralmente o significado. Para a literatura comparada, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesmo, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não).Tornam-se objeto da investigação comparativista a tradução da obra, o aparato crítico que a acompanha, os dados da edição. Nesse contexto é preciso sublinhar que a obra literária em estudo sofreu um deslocamento, ela "migrou" da tradição original onde surgiu para incluir-se em outra contemporaneidade, que se fundamentam em uma tradição diferente e onde ganha outras conotações lingüísticas. A articulação entre teoria literária e literatura comparada foi indispensável ao novo impulso que receberam os estudos comparativistas mostrando-se rentável e benéfica. Os estudos interdisciplinares em literatura comparada instigam a uma ampliação dos campos de pesquisa e à aquisição de competências. Como vimos até agora, diversos autores nos ajudam a pensar sobre noções que são fundamentais para os estudos literários comparados e que, vistas sob outro prisma, permitem a revitalização dos estudos de fontes e de influências, que sempre foram o cavalo de batalha do comparativismo tradicional. Como se vê, adotada essa perspectiva, as literaturas dita periféricas ganha em relevância e caracteriza-se o interesse que podemos ter em confrontá-las com as literaturas européias. São essas que, muitas vezes se vêem questionadas no confronto e por ele esclarecidas. É nesse sentido que a investigação das tensões decorrentes da "dialética de localismo e cosmopolitismo", apontada por Antônio Cândido, pode colaborar para a caracterização da evolução do sistema literário brasileiro e de nossa identidade cultural. Ainda que as marcas de nacionalidade já não sejam situadas inicialmente (para que a análise comparativa não se reduza a uma afirmação de nacionalidades e, muito menos, ao exame do predomínio de uma sobre outra) elas se constituem em inevitável ponto de chegada. No entanto, os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários. Sendo assim o estudo comparativo literário nos permite resumir-se em paralelismos binários movidos somente por "um ar de parecença" entre os elementos, mas compara com a finalidade de interpretar questões mais gerais das quais as obras ou procedimentos literários são manifestações concretas, a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular que nos possibilitara um estudo mais eficiente no que diz respeito a compreensão e o estudo de obras e pensamentos literários.
Resenha :Literatura Compaarda Parte I Carvalhal, Tânia Franco, 4.ed. rev. e ampliada. -São Paulo : Ática, 2006
O texto faz um percurso histórico sobre o surgimento da literatura comparada, onde e quando este termo surgiu pela primeira , quando se torna uma disciplina, e o que é essa literatura comparada e a diferença de algumas definições que a ela é atribuída. O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, mas é, sem dúvida neste século que a difusão do termo realmente sedará, sob a inspiração das Lições de anatomia comparada, de Cuvier (1800), da História comparada dos sistemas de filosofia, de Degérand (1804), e da Fisiologia comparada (1833), de Blainville. Entretanto o adjetivo “comparado” derivado do latim comparativus, já era empregado na idade média. A literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida nos primeiros decênios deste século, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades européias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas. Se remontarmos aos estudos considerados clássicos neste campo e a propostas como a que está expressa no primeiro número da Revue de Littérature Comparée, criada em 1921 por Fernand Baldensperger e Paul Hazard, veremos que, na época, os estudos comparados seguiam duas orientações básicas e complementares. A primeira era a de que a validade das comparações literárias dependia da existência de um contato real e comprovado entre autores e obras ou entre autores e países. A segunda orientação determinava a definitiva vinculação dos estudos literários comparados com a perspectiva histórica. As duas orientações referidas estão na base do corpo de doutrina do comparativismo clássico francês. Em suma literatura comparada é uma investigação de uma ou mais literatura e não pode ser entendida só como um sinônimo de comparação, pois ela não faz apenas uma comparação vai mais além explora seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos que propõe, mas essa denominação acaba por rotular investigações bem variadas portanto a literatura comparada tem um vasto campo de atuação. A diversidade de estudos da literatura comparada é amplo no qual ela trabalha em examinar a migração de temas, motivos e mitos nas diversas literaturas, ou buscam referências de fontes e sinais de influências, outros que comparam obras pertencentes a
Parte II um mesmo sistema literário ou investigam processos de estruturação das obras.assim fica nítido que ela não pode ser definida apenas como sinônimo de comparação, comparar é um dos objetos utilizados em síntese ele é o meio e não o fim. A Literatura comparada preservou a denominação que os franceses a divulgaram mas mesmo assim sofre com a competição da expressão “Literatura Geral” também de uso corrente no francês e inglês,com a qual é frequentemente associada.Estão ambas em associações de comparativistas ou de publicações especializadas caracterizando uma atuação conjunta de estudiosos das duas disciplinas. Essas duas expressões acaba gerando uma discussão entre os estudiosos na qual alguns autores acreditam que a literatura geral estuda um campo mais amplo que abarcaria os dois estudos comparados e a literatura comparada seria mais analítica. Já outros autores opõem-se sobre essa distinção e acreditam que literatura"comparada" e "geral" se fundem inevitavelmente. A literatura comparada, sendo uma atividade crítica ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários fornece à crítica literária, à historiografia literária e à teoria literária uma base fundamental Cabe aos estudos comparados investigar numa perspectiva sistemática de leitura intertextual,o diálogo entre os textos pois este não é tranqüilo. Para a literatura comparada, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesma, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não).De uma forma geral literatura comparada é uma forma de confrontar, dialogar com outros texto seja ele literário ou não. Os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários. O comparativismo deixa de ser visto apenas como o confronto entre obras ou autores a literatura comparada ambiciona um alcance ainda maior, que é o de contribuir para a elucidação de questões literárias que exijam perspectivas amplas. Em suma a Literatura Comparada acaba sendo definida ou interpretada por muitas pessoas de forma errônea sendo uma simples comparação o que não é verídico, pois, ela vai além, buscar investigar, é uma atividade crítica, tenta buscar seus objetivos propostos, se torna uma disciplina nas grades curriculares das universidades. Este texto é voltado para pessoas que buscam saber mais sobre a literatura comparada, tais como a sua história, em especial para acadêmicos que possuem essa disciplina em sua grade curricular. TANIA FRANCO CARVALHAL Professora Titular de Teoria Literária e Literatura Comparada e Professora Emérita da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde exerceu inúmeros cargos administrativos. Atualmente é Professora Orientadora do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRGS.É Mestre em Literaturas da Língua Portuguesa pela UFRGS e Doutor (PhD) em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (1981).
I PARTE Resenha descritiva Tânia Franco Carvalhal Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo Professora Titular de Teoria e Crítica Literárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Literatura comparada os primórdios : Paralelamente a um denso bloco de trabalhos que examinam a migração de temas, motivos e mitos nas diversas literaturas, ou buscam referências de fontes e sinais de influências, encontramos outros que comparam obras pertencentes a um mesmo sistema literário ou investigam processos de estruturação das obras. A diversidade desses estudos acentua a complexidade da questão. Na babel do comparativismo a expressão literatura comparada segundo a autora não causa problemas de interpretação uma vez que é usada no singular mas que geralmente compreendida no plural ,ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas . A literatura comparada não pode ser entendida apenas como sinônimo de “comparação”pois ela exige uma complexidade porque devemos ter métodos ,técnicas para chegarmos onde queremos .em uma análise critica usa-se a comparação mas não é a principal ,mas quando é empregada como recurso preferencial,ela passa a tomar ares de método e começamos a pensar que tal investigação é um estudo comparado Em síntese a comparação ,mesmo nos estudos comparados é um meio ,não o fim .Em 1598 francis Meres ,Willian Fulbecke (1602) foram um dos 1° a utilizar o discurso comparado ,mas na frente século XIX a difusão deste termo ganhou mais força por Cuver (1800) Degérand (1804) e Blainville ( 1833) todos na área da ciência e humanas .É na frança que a literatura comparada é rapidamente expandida e se firma . Segundo a fala de Philaret ,chasles em 1835 ,o que ele considerava ser história comparada diz ele “nada vive isolado todo mundo empresta a todo mundo ,este grande esforço de simpatias é constante . O comparativismo surge na frança segundo estudos feitos pela autora ,difundindo-se a literatura comparada mas tendo o abono do predomínio do chamado “gosto clássico”. A literatura desenvolve-se em outros países como Alemanha ,Inglaterra ,Itália ,portugual etc. a literatura comparada é de uso corrente da expressão pelos franceses e ingleses como” literatura geral” , a literatura comparada e literatura geral é de uma discussão permanente afirma a autora. alguns consideram a literatura geral como sendo um campo amplo e outros autores não estabelecem estas diferenças entre estas duas expressões .
II parte No ano de 1921 os estudos comparados seguiam duas orientações básicas e complementares , a primeira era de que a validade das comparações literárias dependia da existência de um contato real e comprovado entre autores e obras ou entre autores e países.segundo Fernand Baldensperger e Paul Hazard. As contribuições didáticas contribuíram muito para que autores escrevessem e publicassem livros sobre a literatura comparada assim contribuindo até hoje . A autora vem fazendo uma evolução da literatura comparada. A literatura comparada também disseminou no Brasil e alguns autores como Tasso da Silveira com seu livro , e também como professor desta disciplina. , outros pioneiros ,como João Ribeiro ,O.M carpelux , Eugênio Gomes ,estes dois últimos comparando a obra de Machado de Assis que é umas das fontes de estudos destes escritores,críticos etc. Em 1958 o comparativismo entra em crise, em um congresso na qual considera o comparativismo como "uma represa estagnada quando René Wellek estava a frente desse congresso. Esta critica de René Wellek veio para contribuir para literatura comparada pois ele torna indiretamente a literatura como uma disciplina que torna o leitor critico de querer comparar o objeto ao outro e poder tirar suas conclusões. Por fim a autora fala de umas hipóteses intertextuais que existe entre os textos onde eles conversam entre si ,e com outros incorporando elementos alheios ou rejeitando-os. Conclui-se portanto que a literatura comparada foi chamada de dois nomes ,o “comparativismo” e “literatura geral” ,alguns estudiosos ,durante muito tempo teriam seus conceitos sobre a literatura comparada ,mas a que prevalece e que hoje faz parte da grade de cursos de licenciaturas .A definição que eles tem do que significa literatura comparada ,foi se aperfeiçoando durante o tempo ,e segundo eles seria ambiciona um alcance ainda maior ,que é o de contribuir para a educação de questões literárias que exigem perspectivas amplas. Este conteúdo eu recomendo a todos amantes da literatura ,os estudiosos que vão em busca da critica da verdade e da “literatura” dos conteúdos . Vanessa Ferreira Nunes acadêmica 5° período letras espanhol .
Resenha Tânia Franco Carvalhal Parte I No primeiro capitulo o termo “literatura comprada” se da pela comparação ou um enfrentamento de uma literatura com outras, assim a mesma abre portas para varias outros assuntos. O surgimento da literatura comparada esta inteiramente ligada às várias culturas do século XIX, pois era uma época em que se usava bastante a comparação, que uma palavra que derivou do latim comparativus, com o propósito de sacar algumas leis. A expressão “literatura Comparada” se difunde na França, apesar de ser amplamente empregada em toda a Europa para alguns estudos de ciências e linguísticas. No ano de 1816 os autores Noél e Laplace lançaram uma serie de antologias de varias literatura, com rotulações gerais de Curso de literatura comparada. Muitas vezes ocorre um confronto entre a expressão “literatura geral” e “literatura comparada”, pois são associadas no uso corrente em inglês e Frances, ambas são denominadas de associações de comparativistas. O uso dessas expressões faz com que ocorra varias discussões em torno desse assunto. No segundo capitulo mostra a definição que o autor Paul Van Tieghem, para o objeto da literatura comparada como o estudo das diversas literaturas com suas relações recíprocas, assim distinguindo literatura geral de literatura comprada e resaltando que a ultima é mais analítica e motivadora pelos estudos binários. Segundo o mesmo autor a literatura geral era equivalente a uma visão sintética incorporando o estudo de varias literaturas. No terceiro capitulo é exposto a concepção de René Wellek, o mesmo considera o comparativismo com uma “uma represa estagnada”, escreve um texto “A crise da literatura comparada”, foi criada e totalmente dirigida aos pronunciamentos de alguns autores. O texto investiu contra a debilidade teórica da disciplina, mostrando assim a incapacidade da mesma em criar um objeto diferente e um método específico, ate aquele momento. O comentário de R. Wellek fez com que várias outras concepções foram criadas e debatidas. As limitações feitas por Wellek faz com que a literatura comprada se limita a analise de pequenas partes, sendo impossível incorpora – la a uma síntese generalizada e significativa. Em paralelo esses limites feitos por Wellek faz com que os comparativistas encaminhem somente pelos clássicos estudos de fontes e dominações, causas e efeitos, sem visualizar a obra por inteiro.
Parte II No capitulo quatro vem tratar da evolução literária e o comparativismo em torno das noções e concepções de Iuri Tynianov, a respeito da evolução literária, de Jan Mukarovsky sobre a função estética e de M. Bakhtin sobre o dialogismo no discurso literário. Esses estudiosos se baseavam seus estudos, sobre a poética, na teoria linguística de Ferdinand de Saussure, dedicando – se para definir a língua poética versos à língua prática, a função expressiva da linguagem por oposição à função comunicativa. Foi através do pensamento de Tynianov e de Bakhtin que Julia Kristeva chegou à noção de "intertextualidade", esse termo foi aplicado por ela em 1969, para eleger o processo de produtividade do texto literário. As colaborações de Tynianov e Bakhtin também se destacaram nesse campo, associando-se às deles as ideias que Victor Chklovsky, outro formalista, desenvolve em Sobre a teoria da prosa que também influencio muito para chegar ao conceito de literatura comparada. Houve uma grande contribuição dos autores que trouxe vida a esse termo, com isso será possível realizar trabalho em torno dessa temática. E súmula, o comparativismo não é um confronto entre obras, ou algum outro tipo de perseguição e sim a contribuição que uma obra faz a outra no âmbito da literatura comparada, integra também a outras disciplinas. A autora usa vários exemplos para detalhar o que é literatura comparada, além de contar com a colaboração de alguns escritores para associar algumas ideias em torno do assunto. Essa obra é muito esclarecedora, fazendo com que o leitor possa aprimorar seus conhecimentos envolvendo a literatura comparada e, além disso, a autora cita algumas obras como a de Machado de Assis, para nos fazer visualizarmos o que a literatura comparada. Existem pessoas que veem a literatura comparada de uma maneira mais restrita, onde se compara somente a literatura em sim, ou um autor com outro, mas a literatura comparada vai alem desta simples comparação, pois a mesma abrange a arte, a cultura e vários outros aspectos que fazem a esta disciplina tão fundamental, importante e interessante de se estudar. Esta obra faz com que rechaçamos estas ideias equivocadas em torno da literatura comparada.
parte I À primeira vista, a expressão "literatura comparada" não causa problemas de interpretação. Usada no singular mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. Eram denomidados estudos literários comparados que, pela diversificação dos objetos de análise, concedem à literatura comparada um vasto campo de atuação. Em síntese, a comparação, mesmo nos estudos comparados, é um meio, não um fim. Mas, embora ela não seja exclusiva da literatura comparada, não podendo, então, por si só defini-la, será seu emprego sistemático que irá caracterizar sua atuação. O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média. Já Em território francês era empregada amplamente na Europa para estudos de ciências e linguística, é na França que mais rapidamente a expressão "literatura comparada" irá se firmar É nos primeiros decênios deste século que a literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades européias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas. As duas orientações referidas estão na base do corpo de doutrina do comparativismo clássico francês. A maioria dos manuais adota a denominação "escola francesa" para designar um grupo representativo de estudos onde predominam as relações "causais" entre obras ou entre autores, mantendo uma estreita vinculação com a historiografia literária. A denominação "escolas" começou justamente a ser empregada quando René Wellek se opôs ao historicismo dominante nos estudos comparados dos mestres franceses, sugerindo uma cisão entre a suposta "escola" francesa e outra, norte-americana. Ao lado da orientação francesa, também se costuma designar como "escolas" a norte-americana e a soviética.
Parte I À primeira vista, a expressão "literatura comparada" não causa problemas de interpretação. Usada no singular mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. Eram denomidados estudos literários comparados que, pela diversificação dos objetos de análise, concedem à literatura comparada um vasto campo de atuação. Em síntese, a comparação, mesmo nos estudos comparados, é um meio, não um fim. Mas, embora ela não seja exclusiva da literatura comparada, não podendo, então, por si só defini-la, será seu emprego sistemático que irá caracterizar sua atuação. O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média. Já Em território francês era empregada amplamente na Europa para estudos de ciências e linguística, é na França que mais rapidamente a expressão "literatura comparada" irá se firmar É nos primeiros decênios deste século que a literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades européias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas. As duas orientações referidas estão na base do corpo de doutrina do comparativismo clássico francês. A maioria dos manuais adota a denominação "escola francesa" para designar um grupo representativo de estudos onde predominam as relações "causais" entre obras ou entre autores, mantendo uma estreita vinculação com a historiografia literária. A denominação "escolas" começou justamente a ser empregada quando René Wellek se opôs ao historicismo dominante nos estudos comparados dos mestres franceses, sugerindo uma cisão entre a suposta "escola" francesa e outra, norte-americana. Ao lado da orientação francesa, também se costuma designar como "escolas" a norte-americana e a soviética.
Parte II A primeira, despojada de inflexões nacionalistas, distingue-se da francesa por seu maior ecletismo, absorvendo com facilidade noções teóricas, em particular os princípios que regeram o new criticism — movimento crítico que se desenvolveu a partir dos anos 30 nos Estados Unidos. A literatura comparada é um ramo da história literária: é o estudo das relações espirituais entre as nações, relações de fato que existiram entre Byron e Púchkin, Goethe e Carlyle, Walter Scott e Vigny. Tasso da Silveira, em seu livro Literatura comparada 4, sintetiza sua atuação como professor da "nova" disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette (depois Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade da Guanabara). Sua adesão a Van Tieghem é integral, sendo que a obra de 1931 lhe fornece os dados fundamentais de suas propostas comparativistas. Em todas as importações passivas, as idéias são aceitas sem contestação. O livro de Tasso da Silveira não foge à regra: absorve integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisar influências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de "famílias literárias". Em todas as importações passivas, as idéias são aceitas sem contestação. O livro de Tasso da Silveira não foge à regra: absorve integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisar influências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de "famílias literárias". O trajeto, embora rápido, pelos manuais mais conhecidos, revisa a bibliografia existente com a finalidade de destacar os aspectos essenciais de cada proposta para que seja possível contrastá-las.Assim, esse voo panorâmico em território francês, longe de ser exaustivo, ocupou-se apenas com os textos que são melhor divulgados no Brasil. Deixou de lado, por exemplo, uma contribuição fundamental, a de Etiemble, sucessor de Carré na Sorbonne. A literatur acomparada é muito mais que a comparaçao de dois livros ou de literaturas de paizes distintos, é a oportunidade que temos de conhecer as outras litera a partir de outra literatura.
Resenha: Literatura Comparada- Parte I CARVALHAL, Tania Franco. Literatura comparada. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ática, 1992. 94 p. Esta obra traz uma análise a cerca da literatura comparada, abordando desde seus primórdios - onde ainda não tinha como definido seu objeto de estudo – analisa seus usos e contribuições dentro da literatura, verificando se esta é um novo ramo ou a mesma literatura geral que já existia segundo seus principais críticos e idealizadores. Este livro é dividido em noventa e quatro páginas e sete capítulos, nos quais os cinco primeiros são teóricos e os dois últimos são relativos ao vocabulário e referências bibliográficas. Para iniciar sua abordagem sobre a literatura comparada, no primeiro capítulo discute-se o principio de tudo, como os crítico e historiadores abordavam este tema e até a que certo ponto esta poderia abranger. Faz um breve resumo sobre o surgimento desta em países como a Alemanha, França, Itália, Portugal referindo se ainda ao porque de ser chamada de Literatura Comparada e sua diferença segundo alguns críticos com a Literatura Geral. No segundo capítulo demonstra as contribuições de alguns críticos como Van Tieghem, Simon Jeune e Jean-Marie Carré para a literatura comparada e no Brasil referem se a Tasso da Silveira, quem apresentou esta com função de comparar uma obra ou um autor com obras ou autores estrangeiros, de um momento literário ou da literatura interna de um país a momentos ou a literaturas de outros países e diferente deste crítico a autora postula que não é apenas investigar no sentido periférico, mas sim que esta vai além e para isso utiliza do auxilio da investigação histórica e da reflexão como grande apoio para se alcançar os resultados esperados na literatura. Em um momento da historia parecia que os autores franceses recebiam todo o destaque na literatura por estes serem seus pioneiros e no terceiro capítulo traz a transformação deste cenário com o surgimento de autores como René Wellek que propõe o retorno à perspectiva e análise críticas de textos deixando de lado questões exteriores e apesar de se dizer que ele não trouxe exatamente nada de novo, mas seus estudos sobre o estruturalismo tradicionalista incentivaram novos críticos na busca do conhecimento. No quarto capítulo traz a literatura comparada auxiliada em sua elaboração pela teoria da literatura e esta auxilia não só o estudo ao elemento em si, mas em toda sua proporção e tudo o que forma seu contexto, pois esta está ligada a várias formas e expressões de arte. Tal forma de estudo não é uma simples recopilação de um texto já existente e sim a absorção e transformação do mesmo, segundo Júlia Kristeva este processo passa a ser compreendido como um processo natural e contínuo de reescrita de textos. Um texto ao se basear em outro os seus escritos se modificam e passam a ser parte de algo novo, de uma nova escrita. No quinto e último capítulo teórico a autora utiliza do Manifesto Antropofágico para exemplificar a colonização por parte dos europeus que centralizavam o comparativismo em suas mãos e dessa forma surgiu a extrema necessidade dessa desvinculação e interação com os outros país onde já se produziam estudos deste mesmo nível, uma vez que os estudos literários comparados não estão exclusivamente a serviço das literaturas nacionais e sim a serviço de todas formas literárias, demarcando sua evolução, fazendo crítica e apontando sua historicidade e seus fenômenos. Em síntese pode se dizer que com o passar de todos esses anos o comparativismo deixou de ser o simples confronto entre duas obras para contribuir para a elucidação de questões literárias que exijam perspectivas mais amplas em diferentes contextos literários, atingindo novos horizontes do conhecimento.
Parte II No sexto e sétimo capitulo ela traz respectivamente um vocabulário crítico com termos utilizados no campo literário e cada biografia com um pequeno comentário que fora utilizado para a elaboração e produção deste livro. Ao concluir a leitura deste livro pode se observar que sua abordagem vem com o intuito de clarear todo o conceito que se tenha sobre a literatura comparada. Apresenta desde seu surgimento, seus pioneiros até os movimentos que a influenciaram e deixa claro que sua função não é a de simplesmente comparar, mas sim analisar e transformar a este através de sua ligação com a arte. A obra é indicada para graduandos, professores e demais interessados no estudo da literatura comparada podendo ser manejada com uma ferramenta auxiliadora em sua investigação, visando a literatura comparada desde seu surgimento e suas contribuições até os dias atuais. Tendo como autora desta obra Tania Franco Carvalhal, esta que é Doutora em Teoria da Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP), além disso, foi visiting professor no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Indiana, Bloomington (USA) em 1990, ministrando curso para o programa de pós-graduação e é professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Resenha crítica literatura comparada (1ª parte) O livro Literatura Comparada de Tânia Franco é divido em seis unidades. No primeiro capítulo a autora analisa o termo literatura comparada para explicar o seu real sentido nos dias atuais. Segundo a autora, à primeira vista, expressão “literatura comparada” não causa problemas de interpretação usada no singular, mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literatura. No entanto essa concepção vai além. Pode-se dizer, então, que a literatura comparada compara não pelo procedimento em si, mas porque, como recursos analíticos, é interpretativa. A comparação possibilita a esse tipo de estudo literário uma exploração adequada de seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos a que se propõe. A autora faz uma análise diacrônica na trajetória dos estudos comparados para que se possa compreender como a expressão “literatura comparada” começou a ser empregada e que significados ela foi adquirindo até se difundir amplamente com as acepções que possui hoje. O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar literaturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais. Para Guyard a literatura comparada é a história das relações literárias internacionais. O comparativista se coloca nas fronteiras linguísticas ou nacionais, controla as trocas de temas, ideias, livros ou sentimentos entre duas ou várias literaturas (p.15). Segundo a autora, os bons propósitos de Guyard não atingem os objetivos a que se propunham, pois, ao definir, restringe. Em 1968 um outro livro chamado “La Littérature Comparé” de Pichoes e Rousseau é realmente mais rica e atualizada em suas informações, como também mais abrangente nos conceitos e nas propostas. No entanto, desenvolve plano idêntico ao de Guyard, acabando por tratar sobretudo de “trocas literárias internacionais” e ocupando-se com a caracterização dos elementos que intermediam esses processos. A literatura geral é o estudo das coincidências, das analogias, a literatura comparada é o estudo das influências mas a literatura geral é ainda literatura comparada. Por longo tempo a literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, mas as propostas clássicas que acompanhamos através de alguns manuais sofrem seu primeiro grande abalo em 1958, no segundo congresso da Associação Internacional de Literatura Comparada. Na obra teórica, Wellek defende que o estudo da literatura sem distinções artificiais, dado a dificuldade em definir os tópicos e traçar os limites para a investigação. Para ele, melhor seria falar apenas de “literatura”, pois literatura “comparada” e “geral” se fundem inevitavelmente. A Literatura Comparada, sendo uma atividade crítica, não necessita excluir o histórico (sem cair no historicismo), mas, ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários, ela fornece a critica literária em base fundamental. Todas essas disciplinas concorrem em conjunto para o estudo do literário, resguardada a especificidade de cada uma. Os estudos comparados mais recentes incorporam os princípios desenvolvidos pela teoria literária, modificando suas formas de atuação.
Resenha crítica literatura comparada (2ª parte) A autora cita Julia Kristeva que faz uma referência sobre a produtividade do texto literário que, segundo ela, todo texto literário é absorção e transformação de outro texto. Em lugar da intersubjetividade se instala a de intertextualidade, e a linguagem poética se lê pelo menos como dupla. A articulação entre teoria literária e literatura comparada foi indispensável ao novo impulso que receberam os estudos comparativistas, mostrando-se rentável e benéfica. Outros campos de investigação comparativista também progrediram com o reforço teórico entre eles o das relações interdisciplinares, literatura e artes, literatura e psicologia, literatura e folclore, literatura e história se tornaram objeto de estudos regulares que ampliaram os pontos de interesse e as formas de “por em relação” características da literatura comparada. Os estudos interdisciplinares em literatura comparada instigaram a uma ampliação dos campos de pesquisa e a aquisição de competências. A literatura comparada é uma forma específica de interrogar os textos literários na sua interação com outros textos literários ou não e outras formas de expressão cultural e artística. O campo da literatura comparada não se exaure com a preferência pela indagação de temas comuns praticada por uma parte da escola comparativista alemã, nem se acaba com a perseguição de fontes literárias que defendem uma parcela da escola francesa [...] tão própria da literatura comparada é a busca de afinidades como o estado daqueles contrastes que, comparativamente seriam de forma esclarecedora para caracterizar uma literatura ou um autor (p.17-20). Em síntese, o comparativismo deixa de ser visto apenas como o confronto entre obras ou autores. Também não se restringe à perseguição de uma imagem, de um tema, de um verso, de um fragmento, ou à análise da imagem/miragem que uma literatura faz de outras. Paralelamente a estudos como esses, que chegam a bom término com o reforço teórico-crítico indispensável, a literatura comparada ambiciona um alcance ainda maior, que é o de contribuir para a elucidação de questões literárias que exijam perspectivas amplas. Assim, a investigação de um mesmo problema em diferentes contextos literários permite que se ampliem os horizontes do conhecimento estético ao mesmo tempo que, pela análise contrastiva, favorece a visão crítica das literaturas nacionais. É desse modo que a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular.
CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura comparada. 4.ed. rev. e ampliada. São Paulo: Ática, 2006.
RESUMO CRÍTICO DA OBRA: LITERATURA COMPARADA DE TÂNIA FRANCO CARVALHAL
Segundo a obra “Literatura Comparada” de Tânia Franco Carvalhal, pode-se dizer, que a literatura comparada compara não peloprocedimento em si, mas porque, como recurso analítico e interpretativo, acomparação possibilita a esse tipo de estudo literário uma exploraçãoadequada de seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos a que se propõe. Em síntese, a comparação, mesmo nos estudos comparados, é ummeio, não um fim. O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente depensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em quecomparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leisgerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média. Nesta obra, a autora aborda os primórdios da literatura comparada, traçando um breve histórico da origem da comparação literária no território francês onde tais estudos teriam sua origem e só se firmaram tempos depois na Inglaterra e Alemanha. Em Portugal o precursor do termo teria sido Teófilo Braga. Alguns dos estudiosos desse termo também realizam distinções quanto a Literatura Comparada e a Literatura Geral, pois esta é associada à Literatura Mundial, deixando assim transparecer o caráter cosmopolita que favoreceu o surgimento de ambas no século XIX. Nesse contexto de estudos vão se firmar além da escola francesa as escolas norte-americana, associada ao new criticism e a soviética associada ao comparativismo. Assim, muitas foram às contribuições didáticas para a fixação do termo que foi sendo aprimorado com o decorrer do tempo. No Brasil, encontramos o termo Literatura Comparada com Tasso da Silveira que absorve a ideia dos franceses, não podendo esquecer no contexto João Ribeiro em Páginas de estética que seguia a escola germânica, acrescida de Eugênio Gomes e Augusto Meyer. Com relação aos estudos das fontes traçados a partir da literatura comparada no Brasil os estudos vão se dá sobre Machado de Assis e Oswald de Andrade, mas o termo literatura comparada também tem seus problemas, pois muitas vezes usava-se em estudos para encontrar a influência de uma nação em outra, colocando uma obra em ponto superior a essa outra influenciada, sem se levar em consideração a originalidade obtida a partir da literatura de fundação, o diálogo entre os textos, o caráter de imitação x invenção, a intertextualidade, a tradição, a presença dos precursores, dentre aspectos como as noções de autoria e originalidade e a recepção produtiva. O comparativismo entra em crise e René Wellekinveste contra as fragilidades teóricas da disciplina e sua incapacidade de estabelecer um objeto de estudo distinto e uma metodologia específica, até aquela época; Wellek critica o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, mostrando-se contrário aos paralelismos estéreis resultantes das semelhanças investigadas. Assim, sua proposta em parceria com AustimWarrem conclui pelo abandono dos estudos de fontes e influências em favor de análises centradas no texto e não em dados exteriores ao texto produzido.
Referência: CARVALHAL, Tânia Franco, 1943-Literatura Comparada - 4.ed. rev. e ampliada. -São Paulo : Ática, 2006.
Resenha do Livro Literatura Comparada de Tânia Franco Carvalhal Parte I A obra Literatura Comparada de Tânia Carvalhal nos mostra os primórdios da “literatura comparada”, essa expressão não causa problemas de interpretação. Ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. Além disso, a dificuldade de chegarmos a um consenso sobre a natureza da literatura comparada, seus objetivos e métodos, cresce com a leitura de manuais sobre o assunto, pois neles encontramos grande divergência de noções e de orientações metodológicas. Muitos fogem a essas questões. Outros querem problematizá-las. Alguns tendem a uma conceituação generalizadora. Como se vê, não é fácil caminhar nessa "babel". Traçando um breve histórico da origem da comparação literária, foi no território francês onde que tais estudos teriam sua origem e só se firmaram tempos depois na Inglaterra com Hutcheson Macaulay Posnctl, a primazia do uso da expressão, em 1886, num livro teórico, intitulado Comparative Literature. Na Alemanha, parece ter sido Moriz Carrière quem adota, pela primeira vez, a expressão "vergleichende Lite raturgeschichte" (história comparativa da literatura). Na Itália, De Sanctis lecionará literatura comparada em Nápoles a partir de 1863. Em Portugal há que referir, depois do "precursor" Teófilo Braga, o estudo "Literatura comparada e crítica de fontes" de Fidelino de Figueiredo, inserido cm seu livro A crítica literária como ciência (1912), como trabalho pioneiro no enfoque da questão metodológica. Alguns dos estudiosos desse termo também realizam distinções quanto a Literatura Comparada e a Literatura Geral. Esta distinção entre as duas expressões tem constituído ponto de discussão permanente. Alguns consideram a literatura geral como um campo mais amplo, que abarcaria o dos estudos comparados. Outros, como René Wellek e o francês Etiemble, não estabelecem diferença entre elas, pois esta é associada à Literatura Mundial, deixando assim transparecer o caráter cosmopolita que favoreceu o surgimento de ambas no século XIX. Nesse contexto vão se firmar além da escola francesa as escolas norte-americana, associada ao new criticismo que é um movimento crítico que se desenvolveu a partir dos anos 30 nos Estados Unidos. Além de privilegiar a análise do texto literário em detrimento e a soviética associada ao comparativismo. Assim, que surgiu às contribuições didáticas para a fixação do termo que foi sendo aprimorado no decorrer do tempo.
Resenha do Livro Literatura Comparada de Tânia Franco Carvalhal Parte II No Brasil, encontramos o termo Literatura Comparada com Tasso da Silveira que em seu livro Literatura comparada, sintetiza sua atuação como professor da "nova" disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette (depois Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade da Guanabara). Ele absorve a ideia dos franceses. Não podendo esquecer no contexto João Ribeiro em Páginas de estética que seguia a escola germânica, acrescida de Eugênio Gomes e Augusto Meyer. Com relação aos estudos das fontes traçados a partir da literatura comparada no Brasil, os estudos vão se iniciar com Machado de Assis e Oswald de Andrade. O termo literatura comparada também tem seus problemas, pois muitas vezes usava-se em estudos para encontrar a influência de uma nação em outra, colocando uma obra mais elevadas que a outra influenciada, fora, a consideração à originalidade obtida a partir da literatura de fundação, o diálogo entre os textos, o caráter de imitação x invenção, a intertextualidade, a tradição, a presença dos precursores, dentre aspectos como as noções de autoria e originalidade e a recepção produtiva. O comparativismo entra em crise e René Wellek critica o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, mostrando-se contrário aos paralelismos estéreis resultantes das semelhanças investigadas. Assim, sua proposta em parceria com Austim Warrem conclui pelo abandono dos estudos de fontes e influências em favor de análises centradas no texto e não em dados exteriores ao texto produzido. Referência: CARVALHAL, Tânia Franco, 1943-Literatura Comparada - 4.ed. rev. e ampliada. -São Paulo : Ática, 2006.
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO LITERATURACOMPARADA DE TÂNIA FRANCO CARVALHAL. Carvalhal, Tânia Franco, 1943- Literatura comparada / Tânia Franco Carvalhal. - 4. ed. rev. e ampliada. - São Paulo: Ática, 2006. Segundo a autora à primeira vista, a expressão "Literatura Comparada" não causa problemas de interpretação. Usada no singular, mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. No entanto, quando começamos a tomar contato com trabalhos classificados como "estudos literários comparados", percebemos que essa denominação acaba por rotular investigações bem variadas, que adotam diferentes metodologias e que, pela diversificação dos objetos de análise, concedem à literatura comparada um vasto campo de atuação. O livro, na sua forma estrutural compõe-se de cinco capítulos com 94 páginas, sendo que o primeiro capítulo possui um título e sete subtítulos, o segundo possui um título e seis subtítulos, o terceiro possui um título com quatro subtítulos o quarto possui um título com dez subtítulos e o quinto e último capítulo é composto também de um título cinco subtítulos onde cada um segue de suas características. No primeiro capitulo a autora fala sobre os primórdios da Literatura Comparada, - a sua pluralidade pelo fato de confrontar com duas ou mais literaturas. Ela argumenta que a dificuldade de chegarmos a um consenso sobre a natureza da Literatura Comparada, seus objetivos e métodos, cresce com a leitura de manuais sobre o assunto, pois neles encontramos grande divergência de noções e de orientações metodológicas. Segundo Carvalhal, o sentido da expressão Literatura Comparada não existe apenas uma orientação a ser seguida, mas sim às vezes é adotado um certo ecletismo metodológico. A comparação é um procedimento que faz parte da estrutura de pensamento do homem da organização da cultura. A Crítica Literária faz a comparação de uma determinada obra, principalmente para saber se são iguais ou diferentes. Para a autora, o surgimento da Literatura Comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média. A expressão “Literatura Comparada” se firmou mais rapidamente na França, embora seja empregada amplamente na Europa para estudos de
cntinuação de resenha crítica... ciências da linguística. Mesmo sendo imprecisa e ambígua, a Literatura Comparada preservou a denominação com que os franceses a divulgaram, por isso muitas vezes sofre a competição da expressão "literatura geral", também de uso corrente em francês e em inglês. É nos primeiros decênios deste século que a Literatura Comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades europeias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas. Além de privilegiar a análise do texto literário em detrimento das relações entre autores ou obras, os comparativistas norte-americanos aceitam os estudos comparados dentro das fronteiras de uma única literatura, atuação recusada pela doutrina clássica francesa. No segundo capítulo fala sobre as contribuições didáticas para o estudo da Literatura Comparada. O autor Paul VanTieghem distingue literatura comparada de literatura geral, considerando a primeira mais analítica e responsável por estudos binários. A literatura geral corresponderia a uma visão mais sintética, podendo abarcar o estudo de várias literaturas. Na proposta de Van Tieghem, a literatura comparada passa a ser uma análise preparatória aos trabalhos de literatura geral. Segundo a autora é possível compreender que o "diálogo" entre os textos não é um processo tranquilo nem pacífico, pois, sendo os textos um espaço onde se inserem dialeticamente estruturas textuais e extratextuais, eles são um local de conflito, que cabe aos estudos comparados investigar numa perspectiva sistemática de leitura intertextual. Para a literatura comparada, na concepção da autora, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesmo, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não). No horizonte do comparativista está o "autor enquanto leitor" e todos os aspectos da recepção de uma obra estrangeira num determinado contexto que possam ter importância para o autor enquanto leitor e para a sua eventual recepção pessoal. Assim, tornam-se objeto da investigação comparativista a tradução da obra, o aparato crítico que a acompanha, os dados da edição. No terceiro capítulo a autora comenta sobre as Novas Orientações Comparativistas, começando o assunto sobre as crises do Comparatismo, no qual por longo tempo,segundo ela, a literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, cuja doutrina predominava sobre as demais orientações. No quarto capítulo a autora afirma que o comparativista não se ocuparia a constatar que um texto resgata outro texto anterior, apropriando-se dele de alguma forma (passiva ou corrosivamente, prolongando-o ou destruindo-o), mas examinaria essas formas, caracterizando os procedimentos efetuados. Vai ainda mais além, ao perguntar por que determinado texto (ou vários) são resgatados em dado momento por outra obra.
continuação.... O texto novo, o que subverte a ordem estabelecida, o que impulsiona a tradição e obriga a uma releitura desta, é o que se converte em ponto de referência obrigatório e fundamental, não importando a localização em que se encontra no sistema literário. Para a literatura comparada, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesma, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não). No horizonte do comparativista está o "autor enquanto leitor" e todos os aspectos da recepção de uma obra estrangeira num determinado contexto que possam ter importância para o autor enquanto leitor e para a sua eventual recepção pessoal. Assim, tornam-se objeto da investigação comparativista a tradução da obra, o aparato crítico que a acompanha, os dados da edição. Assim compreendida, a literatura comparada é uma forma específica de interrogar os textos literários na sua interação com outros textos, literários ou não, e outras formas de expressão cultural e artística. No quinto e último capítulo Literatura Comparada e sua Dependência Cultural a autora discute que ao empreenderem a investigação da "fortuna de um verso" ou das "fontes remotas" de determinado texto, os comparativistas clássicos tinham uma ideia fixa: identificar a semelhança ou identidade entre as obras aproximadas. Os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários. Esta obra, de grande importância, é recomendada para aquelas pessoas que gostam de fazer estudos literários comparados e que percebem a importância da Literatura Comparada e para os acadêmicos em geral. Que estudam essa matéria. A literatura comparada não deve ser entendida apenas no singular, pois ela examina a cultura e o contexto histórico-social de um texto e escritor, relacionando-o com outros escritores e setores, como a filosofia, o cinema, o teatro, etc. Deve-se ficar atento, pois, comparar é um procedimento que faz parte da estrutura do pensamento do homem e da organização da cultura. Tânia Franco Carvalhal é Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo, Professora Titular de Teoria e Crítica Literárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora Titular de Teoria Literária e Literatura Comparada e Professora Emérita da Universidade Federal do Rio Grande do Su l (UFRGS), onde exerceu inúmeros cargos administrativos. Atualmente é Professora Or ientadora do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRGS. É Mestre em Literatura s da Língua Portuguesa pela UFRGS e Doutor (PhD) em Teoria Literária e Li teratura Comparada pela Univer sidade de
A obra Literatura Comparada de Tânia Franco Carvalhal aborda os primórdios da literatura comparada, traçando um breve histórico da origem da comparação literária no território francês onde tais estudos teriam sua origem e só se firmaram tempos depois na Inglaterra e Alemanha. Em Portugal o precursor do termo teria sido Teófilo Braga. Alguns dos estudiosos desse termo também realizam distinções quanto a Literatura Comparada e a Literatura Geral, pois esta é associada à Literatura Mundial, deixando assim transparecer o caráter cosmopolita que favoreceu o surgimento de ambas no século XIX. Nesse contexto de estudos vão se firmar além da escola francesa as escolas norte-americana, associada ao new criticism e a soviética associada ao comparativismo. Assim, muitas foram às contribuições didáticas para a fixação do termo que foi sendo aprimorado com o decorrer do tempo. No Brasil, encontramos o termo Literatura Comparada com Tasso da Silveira que absorve a idéia dos franceses, não podendo esquecer no contexto João Ribeiro em Páginas de estética que seguia a escola germânica, acrescida de Eugênio Gomes e Augusto Meyer. Com relação aos estudos das fontes traçados a partir da literatura comparada no Brasil os estudos vão se dá sobre Machado de Assis e Oswald de Andrade, mas o termo literatura comparada também tem seus problemas, pois muitas vezes usava-se em estudos para encontrar a influência de uma nação em outra, colocando uma obra em ponto superior a essa outra influenciada, sem se levar em consideração a originalidade obtida a partir da literatura de fundação, o diálogo entre os textos, o caráter de imitação x invenção, a intertextualidade, a tradição, a presença dos precursores, dentre aspectos como as noções de autoria e originalidade e a recepção produtiva. O comparativismo entra em crise e René Wellek dá o golpe de misericórdia criticando o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, mostrando-se contrário aos paralelismos estéreis resultantes das semelhanças investigadas. Assim, sua proposta em parceria com Austim Warrem conclui pelo abandono dos estudos de fontes e influências em favor de análises centradas no texto e não em dados exteriores ao texto produzido. Comparar é um procedimento que faz parte da estrutura de pensamento do homem e da organização da cultura. Por isso, valer-se da comparação é hábito generalizado em diferentes áreas do saber humano e mesmo na linguagem corrente, onde o exemplo dos provérbios ilustra a frequência de emprego do recurso.Um exemplo de que podemos usar a comparação são nas criticas que quase sempre o autor utiliza de outras obras para fundamentar, esclarecer a sua idéia a cerca do assunto estudado. Quando analisa uma obra, muitas vezes é levada a estabelecer confrontos com outras obras de outros autores, para elucidar e para fundamentar juízos de valor. Compara, então, não apenas com o objetivo de concluir sobre a natureza dos elementos confrontados mas, principalmente, para saber se são iguais ou diferentes. É bem verdade que, na crítica literária, usa-se a comparação de forma ocasional, pois nela comparar não é substantivo. No entanto, quando a comparação é empregada como recurso preferencial no estudo crítico, convertendo-se na operação fundamental da análise, ela passa a tomar ares de método, e começamos a pensar que tal investigação é um "estudo comparado". Embora empregada amplamente na Europa para estudos de ciências e linguística, é na França que mais rapidamente a expressão "literatura comparada" irá se firmar. Ali o emprego do termo "literatura" para designar um conjunto de obras era aceito sem discussão desde o seu aparecimento. A França foi um dos primeiros países a usar o termo Literatura Comparada para designar um conjunto de obras, diferente da Inglaterra e Alemanha que demorou a adotar esse termo lingüístico.
Abel-François Villemain teve uma grande contribuição na divulgação da expressão, usando-a nos cursos sobre literatura do século XVIII que ministrou na Sorbonne em 1828-1829. Em sua obra Panorama da literatura francesa do século XVIII, emprega várias vezes não só a combinação "literatura comparada" como ainda "panoramas comparados", "estudos comparados" e "história comparada" Outro autor também muito importante foi Ampére que foi considerado pelo crítico Sainte Beuve como fundador da historia da literatura comparada, através da obra História da literatura francesa na Idade Média comparada às literaturas estrangeiras e que também ingressou a expressão na critica literária. Também J.-J. Ampère, em seu Discurso sobre a história da poesia (1830), refere-se à "história comparativa das artes e da literatura" e reemprega o termo no título da obra de 1841, História da literatura francesa na Idade Média comparada às literaturas estrangeiras. É graças a Ampère que a expressão ingressa na órbita da crítica literária, via Sainte-Beuve, que faz o elogio fúnebre desse autor na Revue des Deux Mondes, considerando-o o fundador da "história literária comparada". Há que acrescentar a esses dois nomes o de Philarete Chasles, que, em 1835, se encarrega de formular alguns princípios básicos do que considerava ser uma "história literária comparada". Diz ele: Nada vive isolado, todo mundo empresta a todo mundo: este grande esforço de simpatias é universal e constante
continuação... Não é de surpreender, então, que a primeira cátedra de literatura comparada surja na França, em Lyon, cm 1887, seguida pela criação de outra, na Sorbonne, em 1910.. Apartir daí surge a primeira cátedra de literatura na França, onde atuaram grandes comarativistas como Joseph Texte, Fernand Baldensperger e J.-M. Carré. E só mais tarde se expandiu na Alemanha,onde o primeiro a adotar a foi Moriz Carrière com a expressão "vergleichende Lite raturgeschichte" (história comparativa da literatura), depois difundida como "vergleichende Literaturwissenschaft" (ciência comparativa da literatura). Na Inglaterra, cabe a Hutcheson Macaulay Posnctl a primazia do uso da expressão, em 1886, num livro teórico, intitulado Comparative Literature. Na Itália, De Sanctis lecionará literatura comparada em Nápoles a partir de 1863. Já os Estados Unidos esperarão a virada do século para verem surgir os estudos comparados, sendo criados Departamentos de Literatura Comparada nas universidades de Columbia (1899) e Harvard (1904). Tendo adotado inicialmente as orientações francesas, Em Portugal há que referir, depois do "precursor" Teófilo Braga, o estudo "Literatura comparada e crítica de fontes" de Fidelino de Figueiredo, inserido cm seu livro A crítica literária como ciência (1912), como trabalho pioneiro no enfoque da questão metodológica. Indiferente aos locais onde se expandiu, a literatura comparada preservou a denominação com que os franceses a divulgaram, mesmo sendo imprecisa e ambígua,e por isso algumas vezes compete com a expressão "literatura geral utilizada por franceses e ingleses. Segundo René Wellek e o francês Etiemble , não existem diferenças entre as expressões Literatura Comparada e Literatura Geral, embora a distinção entre as duas expressões tem constituído ponto discussão permanente. Alguns autores consideram a literatura geral como um campo mais amplo, que abarcaria o dos estudos comparados. Em meados do século XIX que a literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades. Ja Paul Van Tieghem autor frances, em sua obra clássica publicada em 1931 define o objeto da literatura comparada como o estudo das diversas literaturas com suas relações recíprocas, e distingue literatura comparada de literatura geral, considerando a primeira mais analítica e responsável por estudos binários. A literatura geral corresponderia a uma visão mais sintética, podendo abarcar o estudo de várias literaturas.
continua... Na proposta de Van Tieghem, a literatura comparada passa a ser uma análise preparatória aos trabalhos de literatura geral. Na verdade, a intenção do autor era elaborar uma História Literária Internacional, que se organizaria em três etapas: a história das literaturas nacionais, a literatura comparada (que se ocuparia com a investigação de afinidades) e, finalmente, a literatura geral, que sintetizaria os dados antes colhidos. No Brasil temos Tasso da Silveira, que em seu livro Literatura comparada, sintetiza sua atuação como professor da "nova" disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette e era seguidor fiel aos escritores fanceses como: Tieghem, F. Baldenspcrger, Fr. Loliée e A. Dupouy e como espelhava nos escritores franceses, o livro de Tasso da Silveira não foge à regra: absorve integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisar influências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de “famílias literárias’’ Por longo tempo, a literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, cuja doutrina predominava sobre as demais orientações. para Wellek, faz com que a literatura comparada se reduza à análise de fragmentos, sem ter a possibilidade de integrá-los em uma síntese mais global e significativa. Por outro lado, essa limitação obriga o comparativista a enveredar apenas pelos clássicos estudos de fontes e influências, causas e efeitos, sem jamais chegar à análise da obra em sua totalidade ou de uma questão em sua generalidade. Wellek dá o golpe de misericórdia nas orientações em vigor, criticando o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, manifestando-se contrário aos estéreis paralelismos, resultados de caça às semelhanças que, apenas raramente, investigam. A incompatibilidade de R. Wellek com os mestres franceses está fundada em diferentes conceituações do literário. Desde o clássico Teoria da Literatura (1949), elaborado em colaboração com Austin Warren, as noções que embasam a argumentação empregada no artigo já estavam claras. No capítulo V, intitulado "Literatura geral, literatura comparada e literatura nacional", os autores se mostravam insatisfeitos com os rumos tomados pelos estudos comparados, que ora se limitavam à investigação da migração de temas da literatura oral para a escrita, ora estavam confinados ao exame das relações entre duas ou mais literaturas, recaindo sobre os dados externos a preocupação maior.
continua... Seus constantes alertas, não obstante as restrições que lhes possam ser feitas, constituem um sinal vermelho ao comparativismo tradicional e podem ser considerados como uma das contribuições mais significativas para que ele seja repensado e necessariamente, reformulado. Wellek, sem dúvida, atinge os pontos fracos das propostas clássicas: o exagerado determinismo causa das relações, a ênfase em fatores não-literários, a análise dos contatos sem atentar para os textos em si mesmos, o binarismo reducionista. A literatura comparada, sendo uma atividade crítica, não necessita excluir o histórico (sem cair no historicismo), mas ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários ela fornece à crítica literária, à historiografia literária e à teoria literária uma base fundamental. As reflexões sobre a natureza e o funcionamento dos textos, sobre as funções que exercem no sistema que integram e sobre as relações que a literatura mantém com outros sistemas semióticos (legado formalista que os estruturalistas do Círculo de Praga se encarregaram de levar adiante) abriram caminho para a reformulação de alguns conceitos básicos da literatura comparada tradicional. Privilegiando a imanência, os formalistas não evitaram o risco de uma análise estática, que favorecia o conhecimento e a consequente descrição do texto literário mas deixava de examinar as relações que ele estabelecia com elementos extratextuais, limitando o alcance interpretativo dos estudos. Contra o fechamento que os estruturalistas iriam acentuar se insurgem dois representantes do grupo formalista: R. Jakobson e I. Tynianov. Ambos propõem o abandono do "formalismo" escolástico que privilegia a catalogação dos fenômenos em detrimento da análise dos mesmos. Com Tynianov também fica claro que a obra literária se constrói como uma rede de "relações diferenciais" firmadas com os textos literários que a antecedem, ou são simultâneos, e mesmo com sistemas não-literários. Nessa linha de reflexão, Tynianov irá contestar o uso do termo "epígono" como um valor constituído e arguir a idéia de "tradição" tal como era concebida na historiografia tradicional. Para ele, a tradição não se desenha como uma linha reta, numa evolução linear e contínua, mas se constitui um processo bastante conflituado, de idas e voltas. Não é difícil perceber que a alteração do conceito também ocasiona mudanças na visão comparativista, sobretudo do estudioso ocupado com o estabelecimento de "famílias" ou "linhagens". Mais adiante se voltará a insistir nesse ponto.
continua... As relações entre a literatura e as outras artes encontram no campo dos estudos semiológicos, nas relações que os sistemas sígnicos travam entre eles, novas possibilidades de compreensão para essas correspondências. Embora os comparativistas tradicionais não incluam no campo de atuação da literatura comparada a relação entre literatura e outras artes, situando-a no âmbito geral da história da cultura. Affonso Romano de Sant'Anna, em Paródia, paráfrase & Cia. 11, examinou com argúcia essas questões, prolongando as considerações iniciais de Tynianov e de Bakhtin. O crítico brasileiro percebe que, ao trabalharem apenas com os conceitos de paródia e estilização, os dois estudiosos formalistas tinham deixado a questão cm estado embrionário, e Romano de Sant'Anna decide estudá-las juntamente com as noções de paráfrase e apropriação. Foge, então, à dicotomia antes estabelecida, sugerindo três modelos capazes de redefinir os dois primeiros termos, neutralizando o rigor da oposição entre eles. Como vimos até agora, diversos autores nos ajudam a pensar sobre noções que são fundamentais para os estudos literários comparados e que, vistas sob outro prisma, permitem a revitalização dos estudos de fontes e de influências, que sempre foram o cavalo de batalha do comparativismo tradicional. É possível ainda descobrir, subjacente a esses procedimentos e a essas conclusões, outra intenção mais oculta: a demarcação da dependência cultural. Reconhecida a semelhança, contraída a dívida, chegava-se, com naturalidade, a uma conclusão: a dominação cultural de um pais (de uma cultura) sobre outro (ou outra). Na prática mais convencional, isso deixava transparecer uma ideologia colonizadora, que fortalecia os sentimentos nacionais. A literatura comparada tinha uma falsa feição de internacionalismo e de espírito de abertura e aceitação. Investigar uma influência, cavoucar as fontes, significava descobrir que determinada cultura era superior a outra, portanto, dominante. No entanto, os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários. Por outro lado, pela natureza da disciplina, ocupa-se com elementos que a crítica literária habitualmente não considera: correspondências, literatura de viagens, traduções. No entanto, ao explorá-las, atua criticamente. É desse modo que a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular.
PARTE 1 Literatura Comparada - Tânia Franco Carvalho 1- LITERATURA COMPARADA: OS PRIMÓRDIOS Essa crítica discorre sobre os aspectos da literatura comparada, sua expressão e sua definição que é inicialmente uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. Seus objetos de estudos são bem diversificados e amplos, permitindo diferentes metodologias. Serve para examinar e comparar diversas obras e o processo de estruturas. Existe, entretanto uma grande dificuldade em delimitar, definir ou saber a origem da literatura comparada que não se defini apenas em comparação, que por sua vez não é um método específico, mas de diferenciação, generalização e dedução. A crítica literária estabelece confrontos com obras de outros autores não apenas para concluir os confrontos, mas para saber se são diferentes ou iguais. Porem quando a comparação é empregada exclusivamente deve se dizer que se trata de um estudo comparado, e essa comparação possibilita a esse tipo de estudo literário uma exploração adequada de seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos a que se propõe. A expressão literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, se firmou na França que empregou a literatura como um conjunto de obras. Abel-François Villemain quem se encarregou de divulgar a expressão "literatura comparada" como ainda "panoramas comparados", "estudos comparados" e "história comparada". Não é de surpreender, então, que a primeira cátedra de literatura comparada surja na França, em Lyon 1887. A difusão da literatura comparada coincide, portanto, com o abandono do predomínio do chamado gosto clássico. Na Alemanha, parece ter sido MorizCarrière quem adota, pela primeira vez, a expressão história comparativa da literatura, a intenção de Carrière era de integrar a literatura comparada à História Geral da Civilização. Na Inglaterra, cabe a Hutcheson Macaulay Posnctl a primazia do uso da expressão, em 1886, num livro teórico, intitulado ComparativeLiterature. Na Itália, De Sanctis lecionará literatura comparada em Nápoles a partirde 1863. Já os Estados Unidos esperarão a virada do século para verem surgir os estudos comparados, sendo criados Departamentos de Literatura Comparada nas universidades de Columbia (1899) e Harvard (1904). Indiferente dos lugares que se expandiu a literatura comparada preservou a denominação com que os franceses a divulgaram, mesmo sendo imprecisa e ambígua, por isso sofrem competição com a expressão literatura geral, também usada na França. A distinção entre as duas expressões tem constituído ponto de discussão permanente uns autores consideram a literatura geral como um campo mais amplo que inclui os estudos comparados, outros autores não estabelecem diferenças entre as literaturas. Esse termo “Literatura geral” foi utilizado por Goethe em oposição à expressão "literaturas nacionais” para ficar claro que tem um fundo comum porem são compostas pela totalidade das grandes obras, como se fosse obra prima, existindo interação entre ela e que uma corrija a outra.
PARTE II ...A literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nasgrandes universidades. Os estudos comparados seguiam duas orientações básicas e complementares. A primeira era a de que a validade das comparações literárias dependia da existência de um contato real e comprovado entre autores e obras ou entre autores e países.A segunda orientação determinava a definitiva vinculação dos estudos literários comparados com a perspectiva histórica. A maioria dos manuais adota a denominação"escola francesa" para designar um grupo representativo de estudos onde predominam as relações "causais" entre obras ou entre autores, mantendo uma estreita vinculação com a historiografia literária. Ao utilizar o termo "escolas" é preciso ter em conta esses aspectos e que a intenção classificatória só tem sentido com relação a uma feição "clássica" dos estudos literários comparados. Cabe ainda referir aqui que a investigação comparativista na AlemanhaAtualmente, volta-se para estudos de imagologia, de casos fronteiriços e de relações literárias, tendo, entre outros centros, desenvolvido esses estudos nos setores comparatistas de Aachen e Bayreuth.
2- AS CONTRUBUIÇOES DIDÁTICAS O autor define o objeto da literatura comparada como o estudo dasdiversas literaturas cm suas relações recíprocas. Van Tieghem distingue literatura comparada de literatura geral, considerando a primeira mais analítica e responsável por estudos binários. A literatura geral corresponderia a uma visão mais sintética, podendo abarcar o estudo de várias literaturas. Na verdade, a intenção do autor era elaborar uma História Literária Internacional, que se organizaria em três etapas: ahistória das literaturas nacionais, a literatura comparada (que se ocuparia com a investigação de afinidades) e, finalmente, a literatura geral, que sintetizaria os dados antes colhidos.Tasso da Silveira, em seu livro Literatura comparada, sintetiza sua atuação como professor da nova disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette. Afirma que literaturas comparadas procedem‐se a comparações de caráter especial e com finalidade positiva. Tasso da Silveira não foge à regra: absorvem integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisarinfluências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de"famílias literárias". Há que salientar a vinculação, no Brasil, da perspectiva comparada com os estudos filológicos das primeiras décadas deste século.João Ribeiro seguia, ao contrário, a orientação germânica, na qualexplorava a literatura popular na análise de temas e mitos, enquanto já advogava a tese da inter-relação entre literatura escrita e literatura oral, defendida, bem mais tarde, por críticos. Também Eugênio Gomes manifesta em vários trabalhos na imprensa atendência comparativista que cristaliza, definitivamente, em Machado de Assis Influências inglesas 1939, onde trata de identificar essas fontes na obra do autor de Brás Cubas. As fontes machadianas foram um constante estímulo para os críticos do autor.A orientação estilística é dominante nas análises textuais empreendidas por Meyer e caracteriza o estudo sobre Rimbaud; A orientação estilística é dominante nas análises textuais empreendidas por Meyer e caracteriza o estudo sobre Rimbaud; De acordo com o que propõe, o comparativista é uma espécie de fiscal do "trânsito" ou intercâmbio intelectual.A literatura geral é o estudo das coincidências, das analogias; a literatura comparada é o estudo das influências, mas a literatura geral é ainda literatura comparada.
PARTE III ...3- NOVAS ORIENTAÇÕES COMPARATIVISTAS A literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, cuja doutrina predominava sobre as demais orientações. Mas as propostas clássicas que acompanhamos através de alguns manuais sofrem seu primeiro grande abalo em 1958. A partir dessa afirmação, transcrita do artigo referido, torna-se maisfácil entender que Wellek se rebele contra o determinismo causai, que trata a questão de fontes e influências como dados separados do todo da obra, sem atentar sequer para as formas de sua absorção nem para o funcionamentodesses elementos "estranhos" na organização nova.René Wellek não se deteve no artigo referido.Seus constantes alertas, não obstante as restrições que lhes possam ser feitas, constituem um sinal vermelho ao comparativismo tradicional e podem ser considerados como uma das contribuições maissignificativas para que ele seja repensado e necessariamente, reformulado. A literatura comparada, sendo uma atividade crítica, não necessita excluir o histórico sem cair no historicismo, mas ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários ela fornece à crítica literária, à historiografia literária e à teoria literária uma base fundamental. O mérito maior da tipologia de Ďurišin é a eliminação do conceito de influência no sentido clássico, pois o substitui pelo conceito operacional de tipo ou estratégia de influência. Vimos que René Wellek insiste na concepção de literatura comparada como uma atividade crítica, considerando-a mesmo como sinônimo de crítica literária e opondo-se, frontalmente, àqueles que estabeleciam limites entre as duas, distinguindo investigação de fontes da análise crítico-interpretativa dessas mesmas fontes. Os estudos comparados mais recentes incorporam os princípios desenvolvidos pela teoria literária, modificando suas formas de atuação.
4- O REFORÇO TEÓRICO As reflexões sobre a natureza e o funcionamento dos textos, sobre asfunções que exercem no sistema que integram e sobre as relações que a literatura mantém com outros sistemas semióticos abriram caminho para a reformulação de alguns conceitos básicos da literatura comparada tradicional.Privilegiando a imanência, os formalistas não evitaram o risco de uma análise estática, que favorecia o conhecimento e a consequente descrição do texto literário mas deixava de examinar as relações que ele estabelecia com elementos extratextuais, limitando o alcance interpretativo dos estudos.Já ao preconizarem ascorrelações entre a série literária e as não-literárias, esses estudiosos acenam para um tratamento intersemiótico que revitaliza, por exemplo, o tratamento habitual do que EtienneSouriau denomina de a correspondência das artes, em obra de mesmo título, onde examina elementos de Estética Comparada. O processo de escrita é visto, então, como resultante também do processo de leitura de um corpus literário anterior. O texto, portanto, é absorção e réplica a outro texto .A compreensão do texto literário nessa perspectiva conduz à análise dos procedimentos que caracterizam as relações entre eles. Essa é uma atitude de crítica textual que passa a ser incorporada pelo comparativista, fazendo com que não estacione na simples identificação de relações mas que as analise em profundidade, chegando às interpretações dos motivos que geraram essas relações.A noção de intertextualidade abre um campo novo e sugere modos de atuação diferentes ao comparativista. Do "velho" estudo de fontes para as análises intertextuais é só um passo.Sabemos que sua legibilidade será maior se os articularmos com os textos esparsos ou fragmentos perdidos que eles recuperam para consumo próprio.
PARTE IV ...O autor quer estabelecer uma teoria da poesia através da descrição dasinfluências poéticas e se propõe atingir dois objetivos que classifica como corretivos: 1° desmitificar os procedimentos pelos quais um poeta ajuda a formar outro poeta; 2° esboçar uma poética teoria que colabore para uma mais adequada prática crítica.A síntese dos pressupostos eliotianosfoi necessária para que se veja como eles abalam a noção convencional de modelo, pois se distanciam da idéia de reprodução para se ampliarem num significado maior, de atitude crítica que a nova obra adota em relação àquelas que a antecederam. E nessa confrontação, aparentemente absurda, tudo começa a ganharsentido: os textos são na aparência iguais, mas a face invisível deles, a que se revela pelo deslocamento temporal efetuado o texto de Cervantes reaparece idêntico três séculos depois, modifica integralmente o significado. Ao final dos anos 60, surge a chamada "teoria da recepção", também conhecida como "estética da recepção", que desloca o foco de interesse da crítica moderna para a figura do leitor. Terá sido essa, talvez, a reação mais forte contra a posição de leitura "imanente" proposta pelos formalistas e seguida, depois, pelos estruturalistas mais ortodoxos.A articulação entre teoria literária e literatura comparada foiindispensável ao novo impulso que receberam os estudos comparativistasmostrando-se rentável e benéfica. Vários aspectos das relações interliteráriaspassaram a ser analisados sob outra óptica e com outros objetivos, os estudossobre tradução ganharam uma posição central na reflexão comparativista e ostrabalhos sobre história literária tomaram novas direções.
5- LITERATURA COMPARADA E DEPENDÊNCIA CULTURAL
Ficou claro até agora, diversos autores nos ajudam a pensar sobre noções que são fundamentais para os estudos literários comparados e que, vistas sob outro prisma, permitem a revitalização dos estudos de fontes e de influências, que sempre foram o cavalo de batalha do comparativismotradicional. A literatura comparada tinha uma falsa feição de internacionalismo e de espírito de abertura e aceitação. Investigar uma influência, cavoucar as fontes, significava descobrir que determinada cultura era superior a outra, portanto, dominante.Articulados esses dois termos e entendida a vinculação entre eles, a diferença deixa de ser compreendida apenas como um simples objeto a ser buscado em substituição a analogias; e mais do que isso, e recurso preferencial para que se afirme a identidade nacional. Contra os riscos da analogia, as armas do contraste, pois é a diferença que permite nossa inserção nouniversal. É preciso atentar para o risco de cair no extremo oposto. Se antes, no comparativismo tradicional, a direção era única da cultura dominadora para a dominada, comprometendo toda a atuação ao torná-la determinista e restringindo o ângulo de visão, adotar a perspectiva antropofágica consistiria em inverter essa direção, apenas.Auferir da existência tudo o quanto ela nos poderia dar de belo e de bom, era uma receita. Os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários.É desse modo que a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular.
Resenha: Literatura Comparada
ResponderEliminarParte I
Pode- se ver que a literatura comparada é uma forma de investigação que nos coloca a diante de duas ou mais literaturas ela não pode ser vista de diversos âmbitos sendo também uma forma de comparação, utilizando de um campo muito importante que é a interpretação dos objetivos propostos. Foi no século XIX que o termo literatura comparada se dará e a partir de então irá se expandindo por todos os lados em países como Alemanha, Inglaterra, Itália e Portugal entre os anos de 1887 a 1912.Independente de onde a havia chegado ela ainda manteve os traços franceses, ainda que estes fossem de certa forma ambíguos ou imprecisos. A literatura comparada sofre competição como todas as literaturas seja ela nacional ou universal. E assim a partir dessas competições e desse percurso que a literatura cai seguindo ela começa a ter o status de disciplina conhecida e passa a ser vista também como um ramo da história literária. Nota- se como já no Brasil a literatura clássica vem a encontrar um de seus mais fervorosos seguidores “Tasso da Silveira” que absorve integralmente as regras de seus mestres franceses, a literatura comparativa brasileira, que por sua vez era muito rica e se tivesse sido tomada como principio geral e dada uma maior importância, seria muito útil para o país, porem foram tomados como exemplos as literaturas francesas e inglesas e o Brasil deixou seus literatos sendo apenas como uma sobra de tudo que se diz e se faz sobre o avanço da literatura comparada. O nome de João Ribeiro pode se anexar ao de Otto Maria Carpeaux, o de Eugênio Gomes e o de Augusto Meyer. As "fontes" machadianas foram um constante estímulo para os críticos do autor, assim como em Machado de Assis, Meyer exercitou suas pesquisas de “fontes” nas sugestões de Curtius de quem promoveu a tradução da obra Literatura européia e idade Média latina (1948), ao definir a literatura comparada como "história das relações literárias internacionais", compreende as como simples comércio internacional da cultura e propõe a investigação dessas relações apenas em seus aspectos mais superficiais. Podemos ver que os estudos comparados mais recentes incorporam os princípios desenvolvidos pela teoria literária, modificando suas formas de atuação. Através dessa leitura fica claro que a obra literária se constrói como uma rede de "relações diferenciais" firmadas com os textos literários que a antecedem, ou são simultâneos, e mesmo com sistemas não-literários. Um ponto bastante importante é que a literatura pode ser vista também como conceito moderno de imitação ou cópia perdendo através dessa discussão seu caráter pejorativo, diluindo a noção de dívida antes firmada na identificação de influências. Além disso, sabemos que a repetição (de um texto por outro, de um fragmento em um texto, etc.) nunca é inocente, a invenção não está vinculada a idéia do novo. Segue então o paralelismo diagramático de Drummond que alguns dizem ser traiçoeiro e o leitor que pensasse numa reprodução fiel, diria que o poema é um exercício de reescrita. Porém, identificadas todas as muitas correspondências que existem do segundo para o primeiro texto, a análise delas começa a ser reveladora. Drummond atualiza, reescreve o momento histórico e recria. Os aspectos formais dos poemas ficam, nessa perspectiva, relegados. Para ele, tudo se reduz a um conflito de gerações e a uma série de mecanismos de defesa que, acionados, regem as relações intrapoéticas. Apesar disso, contribui para a reflexão sobre a literatura comparada, porque obriga a que se contraponha a sua teoria à da intertextualidade, tal como J. Kristeva a formulou.
Parte II
ResponderEliminarJá Eliot, em 1917, no conhecido ensaio "A tradição e o talento individual"15, no qual discute o fazer poético, a crítica e a poesia, sustentou noções que são básicas para uma renovação dos estudos literários comparados. Ao comentar a inclinação natural do leitor de buscar a peculiaridade de um poeta, sempre que o aprecia em relação a outros. Quando tomamos contato com o mundo labiríntico de Jorge Luis Borges e com as múltiplas referências sobre a criação literária dispersas em sua vasta obra, este pensamento de Valéry parece explicar o sentimento que move muitas vezes o escritor argentino, sempre pronto a baralhar os dados, a desfazer o já feito e a ver os fatos sob um ângulo inovador. Tudo começa a ganhar sentido: os textos são na aparência iguais, mas a face invisível deles, a que se revela pelo deslocamento temporal efetuado (o texto de Cervantes reaparece idêntico três séculos depois), modifica integralmente o significado. Para a literatura comparada, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesmo, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não).Tornam-se objeto da investigação comparativista a tradução da obra, o aparato crítico que a acompanha, os dados da edição. Nesse contexto é preciso sublinhar que a obra literária em estudo sofreu um deslocamento, ela "migrou" da tradição original onde surgiu para incluir-se em outra contemporaneidade, que se fundamentam em uma tradição diferente e onde ganha outras conotações lingüísticas. A articulação entre teoria literária e literatura comparada foi indispensável ao novo impulso que receberam os estudos comparativistas mostrando-se rentável e benéfica. Os estudos interdisciplinares em literatura comparada instigam a uma ampliação dos campos de pesquisa e à aquisição de competências. Como vimos até agora, diversos autores nos ajudam a pensar sobre noções que são fundamentais para os estudos literários comparados e que, vistas sob outro prisma, permitem a revitalização dos estudos de fontes e de influências, que sempre foram o cavalo de batalha do comparativismo tradicional. Como se vê, adotada essa perspectiva, as literaturas dita periféricas ganha em relevância e caracteriza-se o interesse que podemos ter em confrontá-las com as literaturas européias. São essas que, muitas vezes se vêem questionadas no confronto e por ele esclarecidas. É nesse sentido que a investigação das tensões decorrentes da "dialética de localismo e cosmopolitismo", apontada por Antônio Cândido, pode colaborar para a caracterização da evolução do sistema literário brasileiro e de nossa identidade cultural. Ainda que as marcas de nacionalidade já não sejam situadas inicialmente (para que a análise comparativa não se reduza a uma afirmação de nacionalidades e, muito menos, ao exame do predomínio de uma sobre outra) elas se constituem em inevitável ponto de chegada. No entanto, os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários. Sendo assim o estudo comparativo literário nos permite resumir-se em paralelismos binários movidos somente por "um ar de parecença" entre os elementos, mas compara com a finalidade de interpretar questões mais gerais das quais as obras ou procedimentos literários são manifestações concretas, a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular que nos possibilitara um estudo mais eficiente no que diz respeito a compreensão e o estudo de obras e pensamentos literários.
Resenha :Literatura Compaarda Parte I
ResponderEliminarCarvalhal, Tânia Franco, 4.ed. rev. e ampliada. -São Paulo : Ática, 2006
O texto faz um percurso histórico sobre o surgimento da literatura comparada, onde e quando este termo surgiu pela primeira , quando se torna uma disciplina, e o que é essa literatura comparada e a diferença de algumas definições que a ela é atribuída.
O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, mas é, sem dúvida neste século que a difusão do termo realmente sedará, sob a inspiração das Lições de anatomia comparada, de Cuvier (1800), da História comparada dos sistemas de filosofia, de Degérand (1804), e da Fisiologia comparada (1833), de Blainville. Entretanto o adjetivo “comparado” derivado do latim comparativus, já era empregado na idade média.
A literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida nos primeiros decênios deste século, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades européias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas.
Se remontarmos aos estudos considerados clássicos neste campo e a propostas como a que está expressa no primeiro número da Revue de Littérature Comparée, criada em 1921 por Fernand Baldensperger e Paul Hazard, veremos que, na época, os estudos comparados seguiam duas orientações básicas e complementares. A primeira era a de que a validade das comparações literárias dependia da existência de um contato real e comprovado entre autores e obras ou entre autores e países.
A segunda orientação determinava a definitiva vinculação dos estudos literários comparados com a perspectiva histórica.
As duas orientações referidas estão na base do corpo de doutrina do comparativismo clássico francês.
Em suma literatura comparada é uma investigação de uma ou mais literatura e não pode ser entendida só como um sinônimo de comparação, pois ela não faz apenas uma comparação vai mais além explora seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos que propõe, mas essa denominação acaba por rotular investigações bem variadas portanto a literatura comparada tem um vasto campo de atuação.
A diversidade de estudos da literatura comparada é amplo no qual ela trabalha em examinar a migração de temas, motivos e mitos nas diversas literaturas, ou buscam referências de fontes e sinais de influências, outros que comparam obras pertencentes a
Parte II
ResponderEliminarum mesmo sistema literário ou investigam processos de estruturação das obras.assim fica nítido que ela não pode ser definida apenas como sinônimo de comparação, comparar é um dos objetos utilizados em síntese ele é o meio e não o fim.
A Literatura comparada preservou a denominação que os franceses a divulgaram mas mesmo assim sofre com a competição da expressão “Literatura Geral” também de uso corrente no francês e inglês,com a qual é frequentemente associada.Estão ambas em associações de comparativistas ou de publicações especializadas caracterizando uma atuação conjunta de estudiosos das duas disciplinas.
Essas duas expressões acaba gerando uma discussão entre os estudiosos na qual alguns autores acreditam que a literatura geral estuda um campo mais amplo que abarcaria os dois estudos comparados e a literatura comparada seria mais analítica. Já outros autores opõem-se sobre essa distinção e acreditam que literatura"comparada" e "geral" se fundem inevitavelmente.
A literatura comparada, sendo uma atividade crítica ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários fornece à crítica literária, à historiografia literária e à teoria literária uma base fundamental
Cabe aos estudos comparados investigar numa perspectiva sistemática de leitura intertextual,o diálogo entre os textos pois este não é tranqüilo.
Para a literatura comparada, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesma, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não).De uma forma geral literatura comparada é uma forma de confrontar, dialogar com outros texto seja ele literário ou não.
Os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários.
O comparativismo deixa de ser visto apenas como o confronto entre obras ou autores a literatura comparada ambiciona um alcance ainda maior, que é o de contribuir para a elucidação de questões literárias que exijam perspectivas amplas.
Em suma a Literatura Comparada acaba sendo definida ou interpretada por muitas pessoas de forma errônea sendo uma simples comparação o que não é verídico, pois, ela vai além, buscar investigar, é uma atividade crítica, tenta buscar seus objetivos propostos, se torna uma disciplina nas grades curriculares das universidades.
Este texto é voltado para pessoas que buscam saber mais sobre a literatura comparada, tais como a sua história, em especial para acadêmicos que possuem essa disciplina em sua grade curricular.
TANIA FRANCO CARVALHAL Professora Titular de Teoria Literária e Literatura Comparada e Professora Emérita da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde exerceu inúmeros cargos
administrativos. Atualmente é Professora Orientadora do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRGS.É Mestre em Literaturas da Língua Portuguesa pela UFRGS e Doutor (PhD) em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (1981).
I PARTE
ResponderEliminarResenha descritiva
Tânia Franco Carvalhal
Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo
Professora Titular de Teoria e Crítica Literárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Literatura comparada os primórdios : Paralelamente a um denso bloco de trabalhos que examinam a migração de temas, motivos e mitos nas diversas literaturas, ou buscam referências de fontes e sinais de influências, encontramos outros que comparam obras pertencentes a um mesmo sistema literário ou investigam processos de estruturação das obras. A diversidade desses estudos acentua a complexidade da questão.
Na babel do comparativismo a expressão literatura comparada segundo a autora não causa problemas de interpretação uma vez que é usada no singular mas que geralmente compreendida no plural ,ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas .
A literatura comparada não pode ser entendida apenas como sinônimo de “comparação”pois ela exige uma complexidade porque devemos ter métodos ,técnicas para chegarmos onde queremos .em uma análise critica usa-se a comparação mas não é a principal ,mas quando é empregada como recurso preferencial,ela passa a tomar ares de método e começamos a pensar que tal investigação é um estudo comparado
Em síntese a comparação ,mesmo nos estudos comparados é um meio ,não o fim .Em 1598 francis Meres ,Willian Fulbecke (1602) foram um dos 1° a utilizar o discurso comparado ,mas na frente século XIX a difusão deste termo ganhou mais força por Cuver (1800) Degérand (1804) e Blainville ( 1833) todos na área da ciência e humanas .É na frança que a literatura comparada é rapidamente expandida e se firma .
Segundo a fala de Philaret ,chasles em 1835 ,o que ele considerava ser história comparada diz ele “nada vive isolado todo mundo empresta a todo mundo ,este grande esforço de simpatias é constante .
O comparativismo surge na frança segundo estudos feitos pela autora ,difundindo-se a literatura comparada mas tendo o abono do predomínio do chamado “gosto clássico”. A literatura desenvolve-se em outros países como Alemanha ,Inglaterra ,Itália ,portugual etc. a literatura comparada é de uso corrente da expressão pelos franceses e ingleses como” literatura geral” , a literatura comparada e literatura geral é de uma discussão permanente afirma a autora. alguns consideram a literatura geral como sendo um campo amplo e outros autores não estabelecem estas diferenças entre estas duas expressões .
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarII parte
EliminarNo ano de 1921 os estudos comparados seguiam duas orientações básicas e complementares , a primeira era de que a validade das comparações literárias dependia da existência de um contato real e comprovado entre autores e obras ou entre autores e países.segundo Fernand Baldensperger e Paul Hazard.
As contribuições didáticas contribuíram muito para que autores escrevessem e publicassem livros sobre a literatura comparada assim contribuindo até hoje .
A autora vem fazendo uma evolução da literatura comparada. A literatura comparada também disseminou no Brasil e alguns autores como Tasso da Silveira com seu livro , e também como professor desta disciplina. , outros pioneiros ,como João Ribeiro ,O.M carpelux , Eugênio Gomes ,estes dois últimos comparando a obra de Machado de Assis que é umas das fontes de estudos destes escritores,críticos etc.
Em 1958 o comparativismo entra em crise, em um congresso na qual considera o comparativismo como "uma represa estagnada quando René Wellek estava a frente desse congresso. Esta critica de René Wellek veio para contribuir para literatura comparada pois ele torna indiretamente a literatura como uma disciplina que torna o leitor critico de querer comparar o objeto ao outro e poder tirar suas conclusões.
Por fim a autora fala de umas hipóteses intertextuais que existe entre os textos onde eles conversam entre si ,e com outros incorporando elementos alheios ou rejeitando-os. Conclui-se portanto que a literatura comparada foi chamada de dois nomes ,o “comparativismo” e “literatura geral” ,alguns estudiosos ,durante muito tempo teriam seus conceitos sobre a literatura comparada ,mas a que prevalece e que hoje faz parte da grade de cursos de licenciaturas .A definição que eles tem do que significa literatura comparada ,foi se aperfeiçoando durante o tempo ,e segundo eles seria ambiciona um alcance ainda maior ,que é o de contribuir para a educação de questões literárias que exigem perspectivas amplas. Este conteúdo eu recomendo a todos amantes da literatura ,os estudiosos que vão em busca da critica da verdade e da “literatura” dos conteúdos . Vanessa Ferreira Nunes acadêmica 5° período letras espanhol .
Resenha
ResponderEliminarTânia Franco Carvalhal
Parte I
No primeiro capitulo o termo “literatura comprada” se da pela comparação ou um enfrentamento de uma literatura com outras, assim a mesma abre portas para varias outros assuntos.
O surgimento da literatura comparada esta inteiramente ligada às várias culturas do século XIX, pois era uma época em que se usava bastante a comparação, que uma palavra que derivou do latim comparativus, com o propósito de sacar algumas leis.
A expressão “literatura Comparada” se difunde na França, apesar de ser amplamente empregada em toda a Europa para alguns estudos de ciências e linguísticas.
No ano de 1816 os autores Noél e Laplace lançaram uma serie de antologias de varias literatura, com rotulações gerais de Curso de literatura comparada.
Muitas vezes ocorre um confronto entre a expressão “literatura geral” e “literatura comparada”, pois são associadas no uso corrente em inglês e Frances, ambas são denominadas de associações de comparativistas. O uso dessas expressões faz com que ocorra varias discussões em torno desse assunto.
No segundo capitulo mostra a definição que o autor Paul Van Tieghem, para o objeto da literatura comparada como o estudo das diversas literaturas com suas relações recíprocas, assim distinguindo literatura geral de literatura comprada e resaltando que a ultima é mais analítica e motivadora pelos estudos binários. Segundo o mesmo autor a literatura geral era equivalente a uma visão sintética incorporando o estudo de varias literaturas.
No terceiro capitulo é exposto a concepção de René Wellek, o mesmo considera o comparativismo com uma “uma represa estagnada”, escreve um texto “A crise da literatura comparada”, foi criada e totalmente dirigida aos pronunciamentos de alguns autores. O texto investiu contra a debilidade teórica da disciplina, mostrando assim a incapacidade da mesma em criar um objeto diferente e um método específico, ate aquele momento. O comentário de R. Wellek fez com que várias outras concepções foram criadas e debatidas.
As limitações feitas por Wellek faz com que a literatura comprada se limita a analise de pequenas partes, sendo impossível incorpora – la a uma síntese generalizada e significativa. Em paralelo esses limites feitos por Wellek faz com que os comparativistas encaminhem somente pelos clássicos estudos de fontes e dominações, causas e efeitos, sem visualizar a obra por inteiro.
Parte II
ResponderEliminarNo capitulo quatro vem tratar da evolução literária e o comparativismo em torno das noções e concepções de Iuri Tynianov, a respeito da evolução literária, de Jan Mukarovsky sobre a função estética e de M. Bakhtin sobre o dialogismo no discurso literário. Esses estudiosos se baseavam seus estudos, sobre a poética, na teoria linguística de Ferdinand de Saussure, dedicando – se para definir a língua poética versos à língua prática, a função expressiva da linguagem por oposição à função comunicativa.
Foi através do pensamento de Tynianov e de Bakhtin que Julia Kristeva chegou à noção de "intertextualidade", esse termo foi aplicado por ela em 1969, para eleger o processo de produtividade do texto literário.
As colaborações de Tynianov e Bakhtin também se destacaram nesse campo, associando-se às deles as ideias que Victor Chklovsky, outro formalista, desenvolve em Sobre a teoria da prosa que também influencio muito para chegar ao conceito de literatura comparada.
Houve uma grande contribuição dos autores que trouxe vida a esse termo, com isso será possível realizar trabalho em torno dessa temática.
E súmula, o comparativismo não é um confronto entre obras, ou algum outro tipo de perseguição e sim a contribuição que uma obra faz a outra no âmbito da literatura comparada, integra também a outras disciplinas.
A autora usa vários exemplos para detalhar o que é literatura comparada, além de contar com a colaboração de alguns escritores para associar algumas ideias em torno do assunto.
Essa obra é muito esclarecedora, fazendo com que o leitor possa aprimorar seus conhecimentos envolvendo a literatura comparada e, além disso, a autora cita algumas obras como a de Machado de Assis, para nos fazer visualizarmos o que a literatura comparada.
Existem pessoas que veem a literatura comparada de uma maneira mais restrita, onde se compara somente a literatura em sim, ou um autor com outro, mas a literatura comparada vai alem desta simples comparação, pois a mesma abrange a arte, a cultura e vários outros aspectos que fazem a esta disciplina tão fundamental, importante e interessante de se estudar. Esta obra faz com que rechaçamos estas ideias equivocadas em torno da literatura comparada.
parte I
ResponderEliminarÀ primeira vista, a expressão "literatura comparada" não causa problemas de interpretação. Usada no singular mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas.
Eram denomidados estudos literários comparados que, pela diversificação dos objetos de análise, concedem à literatura comparada um vasto campo de atuação. Em síntese, a comparação, mesmo nos estudos comparados, é um meio, não um fim. Mas, embora ela não seja exclusiva da literatura comparada, não podendo, então, por si só defini-la, será seu emprego sistemático que irá caracterizar sua atuação.
O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média. Já Em território francês era empregada amplamente na Europa para estudos de ciências e linguística, é na França que mais rapidamente a expressão "literatura comparada" irá se firmar
É nos primeiros decênios deste século que a literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades européias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas.
As duas orientações referidas estão na base do corpo de doutrina do comparativismo clássico francês. A maioria dos manuais adota a denominação "escola francesa" para designar um grupo representativo de estudos onde predominam as relações "causais" entre obras ou entre autores, mantendo uma estreita vinculação com a historiografia literária. A denominação "escolas" começou justamente a ser empregada quando René Wellek se opôs ao historicismo dominante nos estudos comparados dos mestres franceses, sugerindo uma cisão entre a suposta "escola" francesa e outra, norte-americana. Ao lado da orientação francesa, também se costuma designar como "escolas" a norte-americana e a soviética.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarParte I
ResponderEliminarÀ primeira vista, a expressão "literatura comparada" não causa problemas de interpretação. Usada no singular mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas.
Eram denomidados estudos literários comparados que, pela diversificação dos objetos de análise, concedem à literatura comparada um vasto campo de atuação. Em síntese, a comparação, mesmo nos estudos comparados, é um meio, não um fim. Mas, embora ela não seja exclusiva da literatura comparada, não podendo, então, por si só defini-la, será seu emprego sistemático que irá caracterizar sua atuação.
O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média. Já Em território francês era empregada amplamente na Europa para estudos de ciências e linguística, é na França que mais rapidamente a expressão "literatura comparada" irá se firmar
É nos primeiros decênios deste século que a literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades européias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas.
As duas orientações referidas estão na base do corpo de doutrina do comparativismo clássico francês. A maioria dos manuais adota a denominação "escola francesa" para designar um grupo representativo de estudos onde predominam as relações "causais" entre obras ou entre autores, mantendo uma estreita vinculação com a historiografia literária. A denominação "escolas" começou justamente a ser empregada quando René Wellek se opôs ao historicismo dominante nos estudos comparados dos mestres franceses, sugerindo uma cisão entre a suposta "escola" francesa e outra, norte-americana. Ao lado da orientação francesa, também se costuma designar como "escolas" a norte-americana e a soviética.
Parte II
ResponderEliminarA primeira, despojada de inflexões nacionalistas, distingue-se da francesa por seu maior ecletismo, absorvendo com facilidade noções teóricas, em particular os princípios que regeram o new criticism — movimento crítico que se desenvolveu a partir dos anos 30 nos Estados Unidos. A literatura comparada é um ramo da história literária: é o estudo das relações espirituais entre as nações, relações de fato que existiram entre Byron e Púchkin, Goethe e Carlyle, Walter Scott e Vigny. Tasso da Silveira, em seu livro Literatura comparada 4, sintetiza sua atuação como professor da "nova" disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette (depois Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade da Guanabara). Sua adesão a Van Tieghem é integral, sendo que a obra de 1931 lhe fornece os dados fundamentais de suas propostas comparativistas. Em todas as importações passivas, as idéias são aceitas sem contestação. O livro de Tasso da Silveira não foge à regra: absorve integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisar influências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de "famílias literárias".
Em todas as importações passivas, as idéias são aceitas sem contestação. O livro de Tasso da Silveira não foge à regra: absorve integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisar influências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de "famílias literárias". O trajeto, embora rápido, pelos manuais mais conhecidos, revisa a bibliografia existente com a finalidade de destacar os aspectos essenciais de cada proposta para que seja possível contrastá-las.Assim, esse voo panorâmico em território francês, longe de ser exaustivo, ocupou-se apenas com os textos que são melhor divulgados no Brasil. Deixou de lado, por exemplo, uma contribuição fundamental, a de Etiemble, sucessor de Carré na Sorbonne.
A literatur acomparada é muito mais que a comparaçao de dois livros ou de literaturas de paizes distintos, é a oportunidade que temos de conhecer as outras litera a partir de outra literatura.
Resenha: Literatura Comparada- Parte I
ResponderEliminarCARVALHAL, Tania Franco. Literatura comparada. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ática, 1992. 94 p.
Esta obra traz uma análise a cerca da literatura comparada, abordando desde seus primórdios - onde ainda não tinha como definido seu objeto de estudo – analisa seus usos e contribuições dentro da literatura, verificando se esta é um novo ramo ou a mesma literatura geral que já existia segundo seus principais críticos e idealizadores.
Este livro é dividido em noventa e quatro páginas e sete capítulos, nos quais os cinco primeiros são teóricos e os dois últimos são relativos ao vocabulário e referências bibliográficas.
Para iniciar sua abordagem sobre a literatura comparada, no primeiro capítulo discute-se o principio de tudo, como os crítico e historiadores abordavam este tema e até a que certo ponto esta poderia abranger. Faz um breve resumo sobre o surgimento desta em países como a Alemanha, França, Itália, Portugal referindo se ainda ao porque de ser chamada de Literatura Comparada e sua diferença segundo alguns críticos com a Literatura Geral.
No segundo capítulo demonstra as contribuições de alguns críticos como Van Tieghem, Simon Jeune e Jean-Marie Carré para a literatura comparada e no Brasil referem se a Tasso da Silveira, quem apresentou esta com função de comparar uma obra ou um autor com obras ou autores estrangeiros, de um momento literário ou da literatura interna de um país a momentos ou a literaturas de outros países e diferente deste crítico a autora postula que não é apenas investigar no sentido periférico, mas sim que esta vai além e para isso utiliza do auxilio da investigação histórica e da reflexão como grande apoio para se alcançar os resultados esperados na literatura.
Em um momento da historia parecia que os autores franceses recebiam todo o destaque na literatura por estes serem seus pioneiros e no terceiro capítulo traz a transformação deste cenário com o surgimento de autores como René Wellek que propõe o retorno à perspectiva e análise críticas de textos deixando de lado questões exteriores e apesar de se dizer que ele não trouxe exatamente nada de novo, mas seus estudos sobre o estruturalismo tradicionalista incentivaram novos críticos na busca do conhecimento.
No quarto capítulo traz a literatura comparada auxiliada em sua elaboração pela teoria da literatura e esta auxilia não só o estudo ao elemento em si, mas em toda sua proporção e tudo o que forma seu contexto, pois esta está ligada a várias formas e expressões de arte. Tal forma de estudo não é uma simples recopilação de um texto já existente e sim a absorção e transformação do mesmo, segundo Júlia Kristeva este processo passa a ser compreendido como um processo natural e contínuo de reescrita de textos. Um texto ao se basear em outro os seus escritos se modificam e passam a ser parte de algo novo, de uma nova escrita.
No quinto e último capítulo teórico a autora utiliza do Manifesto Antropofágico para exemplificar a colonização por parte dos europeus que centralizavam o comparativismo em suas mãos e dessa forma surgiu a extrema necessidade dessa desvinculação e interação com os outros país onde já se produziam estudos deste mesmo nível, uma vez que os estudos literários comparados não estão exclusivamente a serviço das literaturas nacionais e sim a serviço de todas formas literárias, demarcando sua evolução, fazendo crítica e apontando sua historicidade e seus fenômenos. Em síntese pode se dizer que com o passar de todos esses anos o comparativismo deixou de ser o simples confronto entre duas obras para contribuir para a elucidação de questões literárias que exijam perspectivas mais amplas em diferentes contextos literários, atingindo novos horizontes do conhecimento.
Parte II
ResponderEliminarNo sexto e sétimo capitulo ela traz respectivamente um vocabulário crítico com termos utilizados no campo literário e cada biografia com um pequeno comentário que fora utilizado para a elaboração e produção deste livro.
Ao concluir a leitura deste livro pode se observar que sua abordagem vem com o intuito de clarear todo o conceito que se tenha sobre a literatura comparada. Apresenta desde seu surgimento, seus pioneiros até os movimentos que a influenciaram e deixa claro que sua função não é a de simplesmente comparar, mas sim analisar e transformar a este através de sua ligação com a arte.
A obra é indicada para graduandos, professores e demais interessados no estudo da literatura comparada podendo ser manejada com uma ferramenta auxiliadora em sua investigação, visando a literatura comparada desde seu surgimento e suas contribuições até os dias atuais.
Tendo como autora desta obra Tania Franco Carvalhal, esta que é Doutora em Teoria da Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP), além disso, foi visiting professor no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Indiana, Bloomington (USA) em 1990, ministrando curso para o programa de pós-graduação e é professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Resenha crítica literatura comparada (1ª parte)
ResponderEliminarO livro Literatura Comparada de Tânia Franco é divido em seis unidades. No primeiro capítulo a autora analisa o termo literatura comparada para explicar o seu real sentido nos dias atuais. Segundo a autora, à primeira vista, expressão “literatura comparada” não causa problemas de interpretação usada no singular, mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literatura. No entanto essa concepção vai além.
Pode-se dizer, então, que a literatura comparada compara não pelo procedimento em si, mas porque, como recursos analíticos, é interpretativa. A comparação possibilita a esse tipo de estudo literário uma exploração adequada de seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos a que se propõe.
A autora faz uma análise diacrônica na trajetória dos estudos comparados para que se possa compreender como a expressão “literatura comparada” começou a ser empregada e que significados ela foi adquirindo até se difundir amplamente com as acepções que possui hoje.
O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar literaturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais.
Para Guyard a literatura comparada é a história das relações literárias internacionais. O comparativista se coloca nas fronteiras linguísticas ou nacionais, controla as trocas de temas, ideias, livros ou sentimentos entre duas ou várias literaturas (p.15).
Segundo a autora, os bons propósitos de Guyard não atingem os objetivos a que se propunham, pois, ao definir, restringe.
Em 1968 um outro livro chamado “La Littérature Comparé” de Pichoes e Rousseau é realmente mais rica e atualizada em suas informações, como também mais abrangente nos conceitos e nas propostas. No entanto, desenvolve plano idêntico ao de Guyard, acabando por tratar sobretudo de “trocas literárias internacionais” e ocupando-se com a caracterização dos elementos que intermediam esses processos.
A literatura geral é o estudo das coincidências, das analogias, a literatura comparada é o estudo das influências mas a literatura geral é ainda literatura comparada.
Por longo tempo a literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, mas as propostas clássicas que acompanhamos através de alguns manuais sofrem seu primeiro grande abalo em 1958, no segundo congresso da Associação Internacional de Literatura Comparada.
Na obra teórica, Wellek defende que o estudo da literatura sem distinções artificiais, dado a dificuldade em definir os tópicos e traçar os limites para a investigação. Para ele, melhor seria falar apenas de “literatura”, pois literatura “comparada” e “geral” se fundem inevitavelmente.
A Literatura Comparada, sendo uma atividade crítica, não necessita excluir o histórico (sem cair no historicismo), mas, ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários, ela fornece a critica literária em base fundamental. Todas essas disciplinas concorrem em conjunto para o estudo do literário, resguardada a especificidade de cada uma.
Os estudos comparados mais recentes incorporam os princípios desenvolvidos pela teoria literária, modificando suas formas de atuação.
Resenha crítica literatura comparada (2ª parte)
ResponderEliminarA autora cita Julia Kristeva que faz uma referência sobre a produtividade do texto literário que, segundo ela, todo texto literário é absorção e transformação de outro texto. Em lugar da intersubjetividade se instala a de intertextualidade, e a linguagem poética se lê pelo menos como dupla.
A articulação entre teoria literária e literatura comparada foi indispensável ao novo impulso que receberam os estudos comparativistas, mostrando-se rentável e benéfica.
Outros campos de investigação comparativista também progrediram com o reforço teórico entre eles o das relações interdisciplinares, literatura e artes, literatura e psicologia, literatura e folclore, literatura e história se tornaram objeto de estudos regulares que ampliaram os pontos de interesse e as formas de “por em relação” características da literatura comparada.
Os estudos interdisciplinares em literatura comparada instigaram a uma ampliação dos campos de pesquisa e a aquisição de competências. A literatura comparada é uma forma específica de interrogar os textos literários na sua interação com outros textos literários ou não e outras formas de expressão cultural e artística.
O campo da literatura comparada não se exaure com a preferência pela indagação de temas comuns praticada por uma parte da escola comparativista alemã, nem se acaba com a perseguição de fontes literárias que defendem uma parcela da escola francesa [...] tão própria da literatura comparada é a busca de afinidades como o estado daqueles contrastes que, comparativamente seriam de forma esclarecedora para caracterizar uma literatura ou um autor (p.17-20).
Em síntese, o comparativismo deixa de ser visto apenas como o confronto entre obras ou autores. Também não se restringe à perseguição de uma imagem, de um tema, de um verso, de um fragmento, ou à análise da imagem/miragem que uma literatura faz de outras. Paralelamente a estudos como esses, que chegam a bom término com o reforço teórico-crítico indispensável, a literatura comparada ambiciona um alcance ainda maior, que é o de contribuir para a elucidação de questões literárias que exijam perspectivas amplas. Assim, a investigação de um mesmo problema em diferentes contextos literários permite que se ampliem os horizontes do conhecimento estético ao mesmo tempo que, pela análise contrastiva, favorece a visão crítica das literaturas nacionais.
É desse modo que a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular.
CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura comparada. 4.ed. rev. e ampliada. São Paulo: Ática, 2006.
RESUMO CRÍTICO DA OBRA: LITERATURA COMPARADA DE TÂNIA FRANCO CARVALHAL
ResponderEliminarSegundo a obra “Literatura Comparada” de Tânia Franco Carvalhal, pode-se dizer, que a literatura comparada compara não peloprocedimento em si, mas porque, como recurso analítico e interpretativo, acomparação possibilita a esse tipo de estudo literário uma exploraçãoadequada de seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos a que se propõe. Em síntese, a comparação, mesmo nos estudos comparados, é ummeio, não um fim.
O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente depensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em quecomparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leisgerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média.
Nesta obra, a autora aborda os primórdios da literatura comparada, traçando um breve histórico da origem da comparação literária no território francês onde tais estudos teriam sua origem e só se firmaram tempos depois na Inglaterra e Alemanha. Em Portugal o precursor do termo teria sido Teófilo Braga. Alguns dos estudiosos desse termo também realizam distinções quanto a Literatura Comparada e a Literatura Geral, pois esta é associada à Literatura Mundial, deixando assim transparecer o caráter cosmopolita que favoreceu o surgimento de ambas no século XIX. Nesse contexto de estudos vão se firmar além da escola francesa as escolas norte-americana, associada ao new criticism e a soviética associada ao comparativismo. Assim, muitas foram às contribuições didáticas para a fixação do termo que foi sendo aprimorado com o decorrer do tempo. No Brasil, encontramos o termo Literatura Comparada com Tasso da Silveira que absorve a ideia dos franceses, não podendo esquecer no contexto João Ribeiro em Páginas de estética que seguia a escola germânica, acrescida de Eugênio Gomes e Augusto Meyer. Com relação aos estudos das fontes traçados a partir da literatura comparada no Brasil os estudos vão se dá sobre Machado de Assis e Oswald de Andrade, mas o termo literatura comparada também tem seus problemas, pois muitas vezes usava-se em estudos para encontrar a influência de uma nação em outra, colocando uma obra em ponto superior a essa outra influenciada, sem se levar em consideração a originalidade obtida a partir da literatura de fundação, o diálogo entre os textos, o caráter de imitação x invenção, a intertextualidade, a tradição, a presença dos precursores, dentre aspectos como as noções de autoria e originalidade e a recepção produtiva.
O comparativismo entra em crise e René Wellekinveste contra as fragilidades teóricas da disciplina e sua incapacidade de estabelecer um objeto de estudo distinto e uma metodologia específica, até aquela época; Wellek critica o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, mostrando-se contrário aos paralelismos estéreis resultantes das semelhanças investigadas. Assim, sua proposta em parceria com AustimWarrem conclui pelo abandono dos estudos de fontes e influências em favor de análises centradas no texto e não em dados exteriores ao texto produzido.
Referência: CARVALHAL, Tânia Franco, 1943-Literatura Comparada - 4.ed. rev. e ampliada. -São Paulo : Ática, 2006.
Resenha do Livro Literatura Comparada de Tânia Franco Carvalhal Parte I
ResponderEliminarA obra Literatura Comparada de Tânia Carvalhal nos mostra os primórdios da “literatura comparada”, essa expressão não causa problemas de interpretação. Ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. Além disso, a dificuldade de chegarmos a um consenso sobre a natureza da literatura comparada, seus objetivos e métodos, cresce com a leitura de manuais sobre o assunto, pois neles encontramos grande divergência de noções e de orientações metodológicas. Muitos fogem a essas questões. Outros querem problematizá-las. Alguns tendem a uma conceituação generalizadora. Como se vê, não é fácil caminhar nessa "babel".
Traçando um breve histórico da origem da comparação literária, foi no território francês onde que tais estudos teriam sua origem e só se firmaram tempos depois na Inglaterra com Hutcheson Macaulay Posnctl, a primazia do uso da expressão, em 1886, num livro teórico, intitulado Comparative Literature. Na Alemanha, parece ter sido Moriz Carrière quem adota, pela primeira vez, a expressão "vergleichende Lite raturgeschichte" (história comparativa da literatura). Na Itália, De Sanctis lecionará literatura comparada em Nápoles a partir de 1863. Em Portugal há que referir, depois do "precursor" Teófilo Braga, o estudo "Literatura comparada e crítica de fontes" de Fidelino de Figueiredo, inserido cm seu livro A crítica literária como ciência (1912), como trabalho pioneiro no enfoque da questão metodológica.
Alguns dos estudiosos desse termo também realizam distinções quanto a Literatura Comparada e a Literatura Geral. Esta distinção entre as duas expressões tem constituído ponto de discussão permanente. Alguns consideram a literatura geral como um campo mais amplo, que abarcaria o dos estudos comparados. Outros, como René Wellek e o francês Etiemble, não estabelecem diferença entre elas, pois esta é associada à Literatura Mundial, deixando assim transparecer o caráter cosmopolita que favoreceu o surgimento de ambas no século XIX.
Nesse contexto vão se firmar além da escola francesa as escolas norte-americana, associada ao new criticismo que é um movimento crítico que se desenvolveu a partir dos anos 30 nos Estados Unidos. Além de privilegiar a análise do texto literário em detrimento e a soviética associada ao comparativismo. Assim, que surgiu às contribuições didáticas para a fixação do termo que foi sendo aprimorado no decorrer do tempo.
Resenha do Livro Literatura Comparada de Tânia Franco Carvalhal Parte II
ResponderEliminarNo Brasil, encontramos o termo Literatura Comparada com Tasso da Silveira que em seu livro Literatura comparada, sintetiza sua atuação como professor da "nova" disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette (depois Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade da Guanabara). Ele absorve a ideia dos franceses. Não podendo esquecer no contexto João Ribeiro em Páginas de estética que seguia a escola germânica, acrescida de Eugênio Gomes e Augusto Meyer. Com relação aos estudos das fontes traçados a partir da literatura comparada no Brasil, os estudos vão se iniciar com Machado de Assis e Oswald de Andrade.
O termo literatura comparada também tem seus problemas, pois muitas vezes usava-se em estudos para encontrar a influência de uma nação em outra, colocando uma obra mais elevadas que a outra influenciada, fora, a consideração à originalidade obtida a partir da literatura de fundação, o diálogo entre os textos, o caráter de imitação x invenção, a intertextualidade, a tradição, a presença dos precursores, dentre aspectos como as noções de autoria e originalidade e a recepção produtiva. O comparativismo entra em crise e René Wellek critica o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, mostrando-se contrário aos paralelismos estéreis resultantes das semelhanças investigadas.
Assim, sua proposta em parceria com Austim Warrem conclui pelo abandono dos estudos de fontes e influências em favor de análises centradas no texto e não em dados exteriores ao texto produzido.
Referência: CARVALHAL, Tânia Franco, 1943-Literatura Comparada - 4.ed. rev. e ampliada. -São Paulo : Ática, 2006.
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO LITERATURACOMPARADA DE TÂNIA FRANCO CARVALHAL.
ResponderEliminarCarvalhal, Tânia Franco, 1943- Literatura comparada / Tânia Franco Carvalhal. - 4. ed. rev. e ampliada. - São Paulo: Ática, 2006.
Segundo a autora à primeira vista, a expressão "Literatura Comparada" não causa problemas de interpretação. Usada no singular, mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. No entanto, quando começamos a tomar contato com trabalhos classificados como "estudos literários comparados", percebemos que essa denominação acaba por rotular investigações bem variadas, que adotam diferentes metodologias e que, pela diversificação dos objetos de análise, concedem à literatura comparada um vasto campo de atuação.
O livro, na sua forma estrutural compõe-se de cinco capítulos com 94 páginas, sendo que o primeiro capítulo possui um título e sete subtítulos, o segundo possui um título e seis subtítulos, o terceiro possui um título com quatro subtítulos o quarto possui um título com dez subtítulos e o quinto e último capítulo é composto também de um título cinco subtítulos onde cada um segue de suas características.
No primeiro capitulo a autora fala sobre os primórdios da Literatura Comparada, - a sua pluralidade pelo fato de confrontar com duas ou mais literaturas. Ela argumenta que a dificuldade de chegarmos a um consenso sobre a natureza da Literatura Comparada, seus objetivos e métodos, cresce com a leitura de manuais sobre o assunto, pois neles encontramos grande divergência de noções e de orientações metodológicas. Segundo Carvalhal, o sentido da expressão Literatura Comparada não existe apenas uma orientação a ser seguida, mas sim às vezes é adotado um certo ecletismo metodológico. A comparação é um procedimento que faz parte da estrutura de pensamento do homem da organização da cultura. A Crítica Literária faz a comparação de uma determinada obra, principalmente para saber se são iguais ou diferentes.
Para a autora, o surgimento da Literatura Comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, época em que comparar estruturas ou fenômenos análogos, com a finalidade de extrair leis gerais, foi dominante nas ciências naturais. Entretanto, o adjetivo "comparado", derivado do latim comparativus, já era empregado na Idade Média. A expressão “Literatura Comparada” se firmou mais rapidamente na França, embora seja empregada amplamente na Europa para estudos de
cntinuação de resenha crítica...
ResponderEliminarciências da linguística. Mesmo sendo imprecisa e ambígua, a Literatura Comparada preservou a denominação com que os franceses a divulgaram, por isso muitas vezes sofre a competição da expressão "literatura geral", também de uso corrente em francês e em inglês.
É nos primeiros decênios deste século que a Literatura Comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades europeias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e publicações especializadas. Além de privilegiar a análise do texto literário em detrimento das relações entre autores ou obras, os comparativistas norte-americanos aceitam os estudos comparados dentro das fronteiras de uma única literatura, atuação recusada pela doutrina clássica francesa.
No segundo capítulo fala sobre as contribuições didáticas para o estudo da Literatura Comparada. O autor Paul VanTieghem distingue literatura comparada de literatura geral, considerando a primeira mais analítica e responsável por estudos binários. A literatura geral corresponderia a uma visão mais sintética, podendo abarcar o estudo de várias literaturas. Na proposta de Van Tieghem, a literatura comparada passa a ser uma análise preparatória aos trabalhos de literatura geral. Segundo a autora é possível compreender que o "diálogo" entre os textos não é um processo tranquilo nem pacífico, pois, sendo os textos um espaço onde se inserem dialeticamente estruturas textuais e extratextuais, eles são um local de conflito, que cabe aos estudos comparados investigar numa perspectiva sistemática de leitura intertextual.
Para a literatura comparada, na concepção da autora, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesmo, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não). No horizonte do comparativista está o "autor enquanto leitor" e todos os aspectos da recepção de uma obra estrangeira num determinado contexto que possam ter importância para o autor enquanto leitor e para a sua eventual recepção pessoal. Assim, tornam-se objeto da investigação comparativista a tradução da obra, o aparato crítico que a acompanha, os dados da edição.
No terceiro capítulo a autora comenta sobre as Novas Orientações Comparativistas, começando o assunto sobre as crises do Comparatismo, no qual por longo tempo,segundo ela, a literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, cuja doutrina predominava sobre as demais orientações.
No quarto capítulo a autora afirma que o comparativista não se ocuparia a constatar que um texto resgata outro texto anterior, apropriando-se dele de alguma forma (passiva ou corrosivamente, prolongando-o ou destruindo-o), mas examinaria essas formas, caracterizando os procedimentos efetuados. Vai ainda mais além, ao perguntar por que determinado texto (ou vários) são resgatados em dado momento por outra obra.
continuação....
ResponderEliminarO texto novo, o que subverte a ordem estabelecida, o que impulsiona a tradição e obriga a uma releitura desta, é o que se converte em ponto de referência obrigatório e fundamental, não importando a localização em que se encontra no sistema literário.
Para a literatura comparada, a recepção de uma obra não é um objeto de análise isolado, um fim em si mesma, mas seu estudo é uma etapa das relações interliterárias genéticas (nascidas dos contatos, diretos ou não). No horizonte do comparativista está o "autor enquanto leitor" e todos os aspectos da recepção de uma obra estrangeira num determinado contexto que possam ter importância para o autor enquanto leitor e para a sua eventual recepção pessoal. Assim, tornam-se objeto da investigação comparativista a tradução da obra, o aparato crítico que a acompanha, os dados da edição. Assim compreendida, a literatura comparada é uma forma específica de interrogar os textos literários na sua interação com outros textos, literários ou não, e outras formas de expressão cultural e artística.
No quinto e último capítulo Literatura Comparada e sua Dependência Cultural a autora discute que ao empreenderem a investigação da "fortuna de um verso" ou das "fontes remotas" de determinado texto, os comparativistas clássicos tinham uma ideia fixa: identificar a semelhança ou identidade entre as obras aproximadas.
Os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários.
Esta obra, de grande importância, é recomendada para aquelas pessoas que gostam de fazer estudos literários comparados e que percebem a importância da Literatura Comparada e para os acadêmicos em geral. Que estudam essa matéria.
A literatura comparada não deve ser entendida apenas no singular, pois ela examina a cultura e o contexto histórico-social de um texto e escritor, relacionando-o com outros escritores e setores, como a filosofia, o cinema, o teatro, etc. Deve-se ficar atento, pois, comparar é um procedimento que faz parte da estrutura do pensamento do homem e da organização da cultura.
Tânia Franco Carvalhal é Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo, Professora Titular de Teoria e Crítica Literárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora Titular de Teoria Literária e Literatura Comparada e Professora Emérita da Universidade Federal do Rio Grande do Su l (UFRGS), onde exerceu inúmeros cargos administrativos. Atualmente é Professora Or ientadora do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRGS. É Mestre em Literatura s da Língua Portuguesa pela UFRGS e Doutor (PhD) em Teoria Literária e Li teratura Comparada pela Univer sidade de
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA obra Literatura Comparada de Tânia Franco Carvalhal aborda os primórdios da literatura comparada, traçando um breve histórico da origem da comparação literária no território francês onde tais estudos teriam sua origem e só se firmaram tempos depois na Inglaterra e Alemanha. Em Portugal o precursor do termo teria sido Teófilo Braga. Alguns dos estudiosos desse termo também realizam distinções quanto a Literatura Comparada e a Literatura Geral, pois esta é associada à Literatura Mundial, deixando assim transparecer o caráter cosmopolita que favoreceu o surgimento de ambas no século XIX. Nesse contexto de estudos vão se firmar além da escola francesa as escolas norte-americana, associada ao new criticism e a soviética associada ao comparativismo.
ResponderEliminarAssim, muitas foram às contribuições didáticas para a fixação do termo que foi sendo aprimorado com o decorrer do tempo. No Brasil, encontramos o termo Literatura Comparada com Tasso da Silveira que absorve a idéia dos franceses, não podendo esquecer no contexto João Ribeiro em Páginas de estética que seguia a escola germânica, acrescida de Eugênio Gomes e Augusto Meyer. Com relação aos estudos das fontes traçados a partir da literatura comparada no Brasil os estudos vão se dá sobre Machado de Assis e Oswald de Andrade, mas o termo literatura comparada também tem seus problemas, pois muitas vezes usava-se em estudos para encontrar a influência de uma nação em outra, colocando uma obra em ponto superior a essa outra influenciada, sem se levar em consideração a originalidade obtida a partir da literatura de fundação, o diálogo entre os textos, o caráter de imitação x invenção, a intertextualidade, a tradição, a presença dos precursores, dentre aspectos como as noções de autoria e originalidade e a recepção produtiva.
O comparativismo entra em crise e René Wellek dá o golpe de misericórdia criticando o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, mostrando-se contrário aos paralelismos estéreis resultantes das semelhanças investigadas. Assim, sua proposta em parceria com Austim Warrem conclui pelo abandono dos estudos de fontes e influências em favor de análises centradas no texto e não em dados exteriores ao texto produzido.
Comparar é um procedimento que faz parte da estrutura de pensamento do homem e da organização da cultura. Por isso, valer-se da comparação é hábito generalizado em diferentes áreas do saber humano e mesmo na linguagem corrente, onde o exemplo dos provérbios ilustra a frequência de emprego do recurso.Um exemplo de que podemos usar a comparação são nas criticas que quase sempre o autor utiliza de outras obras para fundamentar, esclarecer a sua idéia a cerca do assunto estudado.
Quando analisa uma obra, muitas vezes é levada a estabelecer confrontos com outras obras de outros autores, para elucidar e para fundamentar juízos de valor. Compara, então, não apenas com o objetivo de concluir sobre a natureza dos elementos confrontados mas, principalmente, para saber se são iguais ou diferentes. É bem verdade que, na crítica literária, usa-se a comparação de forma ocasional, pois nela comparar não é substantivo. No entanto, quando a comparação é empregada como recurso preferencial no estudo crítico, convertendo-se na operação fundamental da análise, ela passa a tomar ares de método, e começamos a pensar que tal investigação é um "estudo comparado".
Embora empregada amplamente na Europa para estudos de ciências e linguística, é na França que mais rapidamente a expressão "literatura comparada" irá se firmar. Ali o emprego do termo "literatura" para designar um conjunto de obras era aceito sem discussão desde o seu aparecimento. A França foi um dos primeiros países a usar o termo Literatura Comparada para designar um conjunto de obras, diferente da Inglaterra e Alemanha que demorou a adotar esse termo lingüístico.
Abel-François Villemain teve uma grande contribuição na divulgação da expressão, usando-a nos cursos sobre literatura do século XVIII que ministrou na Sorbonne em 1828-1829. Em sua obra Panorama da literatura francesa do século XVIII, emprega várias vezes não só a combinação "literatura comparada" como ainda "panoramas comparados", "estudos comparados" e "história comparada"
ResponderEliminarOutro autor também muito importante foi Ampére que foi considerado pelo crítico Sainte Beuve como fundador da historia da literatura comparada, através da obra História da literatura francesa na Idade Média comparada às literaturas estrangeiras e que também ingressou a expressão na critica literária. Também J.-J. Ampère, em seu Discurso sobre a história da poesia (1830), refere-se à "história comparativa das artes e da literatura" e reemprega o termo no título da obra de 1841, História da literatura francesa na Idade Média comparada às literaturas estrangeiras. É graças a Ampère que a expressão ingressa na órbita da crítica literária, via Sainte-Beuve, que faz o
elogio fúnebre desse autor na Revue des Deux Mondes, considerando-o o fundador da "história literária comparada". Há que acrescentar a esses dois nomes o de Philarete Chasles, que, em 1835, se encarrega de formular alguns princípios básicos do que considerava ser uma "história literária comparada". Diz ele: Nada vive isolado, todo mundo empresta a todo mundo: este grande esforço de simpatias é universal e constante
continuação...
ResponderEliminarNão é de surpreender, então, que a primeira cátedra de literatura comparada surja na França, em Lyon, cm 1887, seguida pela criação de outra, na Sorbonne, em 1910.. Apartir daí surge a primeira cátedra de literatura na França, onde atuaram grandes comarativistas como Joseph Texte, Fernand Baldensperger e J.-M. Carré. E só mais tarde se expandiu na Alemanha,onde o primeiro a adotar a foi Moriz Carrière com a expressão "vergleichende Lite raturgeschichte" (história comparativa da literatura), depois difundida como "vergleichende Literaturwissenschaft" (ciência comparativa da literatura).
Na Inglaterra, cabe a Hutcheson Macaulay Posnctl a primazia do uso da expressão, em 1886, num livro teórico, intitulado Comparative Literature. Na Itália, De Sanctis lecionará literatura comparada em Nápoles a partir de 1863. Já os Estados Unidos esperarão a virada do século para verem surgir os estudos comparados, sendo criados Departamentos de Literatura Comparada nas universidades de Columbia (1899) e Harvard (1904). Tendo adotado inicialmente as orientações francesas, Em Portugal há que referir, depois do "precursor" Teófilo Braga, o estudo "Literatura comparada e crítica de fontes" de Fidelino de Figueiredo, inserido cm seu livro A crítica literária como ciência (1912), como trabalho pioneiro no enfoque da questão metodológica.
Indiferente aos locais onde se expandiu, a literatura comparada preservou a denominação com que os franceses a divulgaram, mesmo sendo imprecisa e ambígua,e por isso algumas vezes compete com a expressão "literatura geral utilizada por franceses e ingleses.
Segundo René Wellek e o francês Etiemble , não existem diferenças entre as expressões Literatura Comparada e Literatura Geral, embora a distinção entre as duas expressões tem constituído ponto discussão permanente. Alguns autores consideram a literatura geral como um campo mais amplo, que abarcaria o dos estudos comparados.
Em meados do século XIX que a literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades.
Ja Paul Van Tieghem autor frances, em sua obra clássica publicada em 1931
define o objeto da literatura comparada como o estudo das diversas literaturas com suas relações recíprocas, e distingue literatura comparada de literatura geral, considerando a primeira mais analítica e responsável por estudos binários. A literatura geral corresponderia a uma visão mais sintética, podendo abarcar o estudo de várias literaturas.
continua...
ResponderEliminarNa proposta de Van Tieghem, a literatura comparada passa a ser uma análise preparatória aos trabalhos de literatura geral. Na verdade, a intenção do autor era elaborar uma História Literária Internacional, que se organizaria em três etapas: a história das literaturas nacionais, a literatura comparada (que se ocuparia com a investigação de afinidades) e, finalmente, a literatura geral, que sintetizaria os dados antes colhidos.
No Brasil temos Tasso da Silveira, que em seu livro Literatura comparada, sintetiza sua atuação como professor da "nova" disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette e era seguidor fiel aos escritores fanceses como: Tieghem, F. Baldenspcrger, Fr. Loliée e A. Dupouy e como espelhava nos escritores franceses, o livro de Tasso da Silveira não foge à regra: absorve integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisar influências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de “famílias literárias’’
Por longo tempo, a literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, cuja doutrina predominava sobre as demais orientações. para Wellek, faz com que a literatura comparada se reduza à análise de fragmentos, sem ter a possibilidade de integrá-los em uma síntese mais global e significativa. Por outro lado, essa limitação obriga o comparativista a enveredar apenas pelos clássicos estudos de fontes e influências, causas e efeitos, sem jamais chegar à análise da obra em sua totalidade ou de uma questão em sua generalidade. Wellek dá o golpe de misericórdia nas orientações em vigor, criticando o princípio causalista que rege os estudos clássicos de fontes e influências, manifestando-se contrário aos estéreis paralelismos, resultados de caça às semelhanças que, apenas raramente, investigam.
A incompatibilidade de R. Wellek com os mestres franceses está fundada em diferentes conceituações do literário. Desde o clássico Teoria da Literatura (1949), elaborado em colaboração com Austin Warren, as noções que embasam a argumentação empregada no artigo já estavam claras. No capítulo V, intitulado "Literatura geral, literatura comparada e literatura nacional", os autores se mostravam insatisfeitos com os rumos tomados pelos estudos comparados, que ora se limitavam à investigação da migração de temas da literatura oral para a escrita, ora estavam confinados ao exame das relações entre duas ou mais literaturas, recaindo sobre os dados externos a preocupação maior.
continua...
ResponderEliminarSeus constantes alertas, não obstante as restrições que lhes possam ser feitas, constituem um sinal vermelho ao comparativismo tradicional e podem ser considerados como uma das contribuições mais significativas para que ele seja repensado e necessariamente, reformulado. Wellek, sem dúvida, atinge os pontos fracos das propostas clássicas: o exagerado determinismo causa das relações, a ênfase em fatores não-literários, a análise dos contatos sem atentar para os textos em si mesmos, o binarismo reducionista.
A literatura comparada, sendo uma atividade crítica, não necessita excluir o histórico (sem cair no historicismo), mas ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários ela fornece à crítica literária, à historiografia literária e à teoria literária uma base fundamental.
As reflexões sobre a natureza e o funcionamento dos textos, sobre as funções que exercem no sistema que integram e sobre as relações que a literatura mantém com outros sistemas semióticos (legado formalista que os estruturalistas do Círculo de Praga se encarregaram de levar adiante) abriram caminho para a reformulação de alguns conceitos básicos da literatura comparada tradicional.
Privilegiando a imanência, os formalistas não evitaram o risco de uma análise estática, que favorecia o conhecimento e a consequente descrição do texto literário mas deixava de examinar as relações que ele estabelecia com elementos extratextuais, limitando o alcance interpretativo dos estudos. Contra o fechamento que os estruturalistas iriam acentuar se insurgem dois representantes do grupo formalista: R. Jakobson e I. Tynianov. Ambos propõem o abandono do "formalismo" escolástico que privilegia a catalogação dos fenômenos em detrimento da análise dos mesmos.
Com Tynianov também fica claro que a obra literária se constrói como uma rede de "relações diferenciais" firmadas com os textos literários que a antecedem, ou são simultâneos, e mesmo com sistemas não-literários. Nessa linha de reflexão, Tynianov irá contestar o uso do termo "epígono" como um valor constituído e arguir a idéia de "tradição" tal como era concebida na historiografia tradicional. Para ele, a tradição não se desenha como uma linha reta, numa evolução linear e contínua, mas se constitui um processo bastante conflituado, de idas e voltas. Não é difícil perceber que a alteração do conceito também ocasiona mudanças na visão comparativista, sobretudo do estudioso
ocupado com o estabelecimento de "famílias" ou "linhagens". Mais adiante se voltará a insistir nesse ponto.
continua...
ResponderEliminarAs relações entre a literatura e as outras artes encontram no campo dos estudos semiológicos, nas relações que os sistemas sígnicos travam entre eles, novas possibilidades de compreensão para essas correspondências. Embora os comparativistas tradicionais não incluam no campo de atuação da literatura comparada a relação entre literatura e outras artes, situando-a no âmbito geral da história da cultura.
Affonso Romano de Sant'Anna, em Paródia, paráfrase & Cia. 11, examinou com argúcia essas questões, prolongando as considerações iniciais de Tynianov e de Bakhtin. O crítico brasileiro percebe que, ao trabalharem apenas com os conceitos de paródia e estilização, os dois estudiosos formalistas tinham deixado a questão cm estado embrionário, e Romano de Sant'Anna decide estudá-las juntamente com as noções de paráfrase e apropriação. Foge, então, à dicotomia antes estabelecida, sugerindo três modelos capazes de redefinir os dois primeiros termos, neutralizando o rigor da oposição entre eles.
Como vimos até agora, diversos autores nos ajudam a pensar sobre noções que são fundamentais para os estudos literários comparados e que, vistas sob outro prisma, permitem a revitalização dos estudos de fontes e de influências, que sempre foram o cavalo de batalha do comparativismo tradicional. É possível ainda descobrir, subjacente a esses procedimentos e a essas conclusões, outra intenção mais oculta: a demarcação da dependência cultural. Reconhecida a semelhança, contraída a dívida, chegava-se, com naturalidade, a uma conclusão: a dominação cultural de um pais (de uma cultura) sobre outro (ou outra). Na prática mais convencional, isso deixava transparecer uma ideologia
colonizadora, que fortalecia os sentimentos nacionais.
A literatura comparada tinha uma falsa feição de internacionalismo e de espírito de abertura e aceitação. Investigar uma influência, cavoucar as fontes, significava descobrir que determinada cultura era superior a outra, portanto, dominante.
No entanto, os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários.
Por outro lado, pela natureza da disciplina, ocupa-se com elementos que a crítica literária habitualmente não considera: correspondências, literatura de viagens, traduções. No entanto, ao explorá-las, atua criticamente. É desse modo que a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular.
PARTE 1
ResponderEliminarLiteratura Comparada - Tânia Franco Carvalho
1- LITERATURA COMPARADA: OS PRIMÓRDIOS
Essa crítica discorre sobre os aspectos da literatura comparada, sua expressão e sua definição que é inicialmente uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. Seus objetos de estudos são bem diversificados e amplos, permitindo diferentes metodologias. Serve para examinar e comparar diversas obras e o processo de estruturas. Existe, entretanto uma grande dificuldade em delimitar, definir ou saber a origem da literatura comparada que não se defini apenas em comparação, que por sua vez não é um método específico, mas de diferenciação, generalização e dedução.
A crítica literária estabelece confrontos com obras de outros autores não apenas para concluir os confrontos, mas para saber se são diferentes ou iguais. Porem quando a comparação é empregada exclusivamente deve se dizer que se trata de um estudo comparado, e essa comparação possibilita a esse tipo de estudo literário uma exploração adequada de seus campos de trabalho e o alcance dos objetivos a que se propõe.
A expressão literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o século XIX, se firmou na França que empregou a literatura como um conjunto de obras. Abel-François Villemain quem se encarregou de divulgar a expressão "literatura comparada" como ainda "panoramas comparados", "estudos comparados" e "história comparada". Não é de surpreender, então, que a primeira cátedra de literatura comparada surja na França, em Lyon 1887. A difusão da literatura comparada coincide, portanto, com o abandono do predomínio do chamado gosto clássico.
Na Alemanha, parece ter sido MorizCarrière quem adota, pela primeira vez, a expressão história comparativa da literatura, a intenção de Carrière era de integrar a literatura comparada à História Geral da Civilização. Na Inglaterra, cabe a Hutcheson Macaulay Posnctl a primazia do uso da expressão, em 1886, num livro teórico, intitulado ComparativeLiterature. Na Itália, De Sanctis lecionará literatura comparada em Nápoles a partirde 1863. Já os Estados Unidos esperarão a virada do século para verem surgir os estudos comparados, sendo criados Departamentos de Literatura Comparada nas universidades de Columbia (1899) e Harvard (1904).
Indiferente dos lugares que se expandiu a literatura comparada preservou a denominação com que os franceses a divulgaram, mesmo sendo imprecisa e ambígua, por isso sofrem competição com a expressão literatura geral, também usada na França. A distinção entre as duas expressões tem constituído ponto de discussão permanente uns autores consideram a literatura geral como um campo mais amplo que inclui os estudos comparados, outros autores não estabelecem diferenças entre as literaturas. Esse termo “Literatura geral” foi utilizado por Goethe em oposição à expressão "literaturas nacionais” para ficar claro que tem um fundo comum porem são compostas pela totalidade das grandes obras, como se fosse obra prima, existindo interação entre ela e que uma corrija a outra.
PARTE II
ResponderEliminar...A literatura comparada ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nasgrandes universidades. Os estudos comparados seguiam duas orientações básicas e complementares. A primeira era a de que a validade das comparações literárias dependia da existência de um contato real e comprovado entre autores e obras ou entre autores e países.A segunda orientação determinava a definitiva vinculação dos estudos literários comparados com a perspectiva histórica. A maioria dos manuais adota a denominação"escola francesa" para designar um grupo representativo de estudos onde predominam as relações "causais" entre obras ou entre autores, mantendo uma estreita vinculação com a historiografia literária. Ao utilizar o termo "escolas" é preciso ter em conta esses aspectos e que a intenção classificatória só tem sentido com relação a uma feição "clássica" dos estudos literários comparados.
Cabe ainda referir aqui que a investigação comparativista na AlemanhaAtualmente, volta-se para estudos de imagologia, de casos fronteiriços e de relações literárias, tendo, entre outros centros, desenvolvido esses estudos nos setores comparatistas de Aachen e Bayreuth.
2- AS CONTRUBUIÇOES DIDÁTICAS
O autor define o objeto da literatura comparada como o estudo dasdiversas literaturas cm suas relações recíprocas. Van Tieghem distingue literatura comparada de literatura geral, considerando a primeira mais analítica e responsável por estudos binários. A literatura geral corresponderia a uma visão mais sintética, podendo abarcar o estudo de várias literaturas. Na verdade, a intenção do autor era elaborar uma História Literária Internacional, que se organizaria em três etapas: ahistória das literaturas nacionais, a literatura comparada (que se ocuparia com a investigação de afinidades) e, finalmente, a literatura geral, que sintetizaria os dados antes colhidos.Tasso da Silveira, em seu livro Literatura comparada, sintetiza sua atuação como professor da nova disciplina na então Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette. Afirma que literaturas comparadas procedem‐se a comparações de caráter especial e com finalidade positiva.
Tasso da Silveira não foge à regra: absorvem integralmente as sugestões de seus mestres franceses, cuja receita era pesquisarinfluências, buscar identidades, ou diferenças, restringindo o alcance da literatura comparada ao terreno das aproximações binárias e à constituição de"famílias literárias".
Há que salientar a vinculação, no Brasil, da perspectiva comparada com os estudos filológicos das primeiras décadas deste século.João Ribeiro seguia, ao contrário, a orientação germânica, na qualexplorava a literatura popular na análise de temas e mitos, enquanto já advogava a tese da inter-relação entre literatura escrita e literatura oral, defendida, bem mais tarde, por críticos. Também Eugênio Gomes manifesta em vários trabalhos na imprensa atendência comparativista que cristaliza, definitivamente, em Machado de Assis Influências inglesas 1939, onde trata de identificar essas fontes na obra do autor de Brás Cubas. As fontes machadianas foram um constante estímulo para os críticos do autor.A orientação estilística é dominante nas análises textuais empreendidas por Meyer e caracteriza o estudo sobre Rimbaud; A orientação estilística é dominante nas análises textuais empreendidas por Meyer e caracteriza o estudo sobre Rimbaud; De acordo com o que propõe, o comparativista é uma espécie de fiscal do "trânsito" ou intercâmbio intelectual.A literatura geral é o estudo das coincidências, das analogias; a literatura comparada é o estudo das influências, mas a literatura geral é ainda literatura comparada.
PARTE III
ResponderEliminar...3- NOVAS ORIENTAÇÕES COMPARATIVISTAS
A literatura comparada parecia constituir terreno exclusivo de estudiosos franceses, cuja doutrina predominava sobre as demais orientações. Mas as propostas clássicas que acompanhamos através de alguns manuais sofrem seu primeiro grande abalo em 1958. A partir dessa afirmação, transcrita do artigo referido, torna-se maisfácil entender que Wellek se rebele contra o determinismo causai, que trata a questão de fontes e influências como dados separados do todo da obra, sem atentar sequer para as formas de sua absorção nem para o funcionamentodesses elementos "estranhos" na organização nova.René Wellek não se deteve no artigo referido.Seus constantes alertas, não obstante as restrições que lhes possam ser feitas, constituem um sinal vermelho ao comparativismo tradicional e podem ser considerados como uma das contribuições maissignificativas para que ele seja repensado e necessariamente, reformulado. A literatura comparada, sendo uma atividade crítica, não necessita excluir o histórico sem cair no historicismo, mas ao lidar amplamente com dados literários e extraliterários ela fornece à crítica literária, à historiografia literária e à teoria literária uma base fundamental.
O mérito maior da tipologia de Ďurišin é a eliminação do conceito de influência no sentido clássico, pois o substitui pelo conceito operacional de tipo ou estratégia de influência. Vimos que René Wellek insiste na concepção de literatura comparada como uma atividade crítica, considerando-a mesmo como sinônimo de crítica literária e opondo-se, frontalmente, àqueles que estabeleciam limites entre as duas, distinguindo investigação de fontes da análise crítico-interpretativa dessas mesmas fontes. Os estudos comparados mais recentes incorporam os princípios desenvolvidos pela teoria literária, modificando suas formas de atuação.
4- O REFORÇO TEÓRICO
As reflexões sobre a natureza e o funcionamento dos textos, sobre asfunções que exercem no sistema que integram e sobre as relações que a literatura mantém com outros sistemas semióticos abriram caminho para a reformulação de alguns conceitos básicos da literatura comparada tradicional.Privilegiando a imanência, os formalistas não evitaram o risco de uma análise estática, que favorecia o conhecimento e a consequente descrição do texto literário mas deixava de examinar as relações que ele estabelecia com elementos extratextuais, limitando o alcance interpretativo dos estudos.Já ao preconizarem ascorrelações entre a série literária e as não-literárias, esses estudiosos acenam para um tratamento intersemiótico que revitaliza, por exemplo, o tratamento habitual do que EtienneSouriau denomina de a correspondência das artes,
em obra de mesmo título, onde examina elementos de Estética Comparada. O processo de escrita é visto, então, como resultante também do processo de leitura de um corpus literário anterior. O texto, portanto, é absorção e réplica a outro texto .A compreensão do texto literário nessa perspectiva conduz à análise dos procedimentos que caracterizam as relações entre eles. Essa é uma atitude de crítica textual que passa a ser incorporada pelo comparativista, fazendo com que não estacione na simples identificação de relações mas que as analise em profundidade, chegando às interpretações dos motivos que geraram essas relações.A noção de intertextualidade abre um campo novo e sugere modos de atuação diferentes ao comparativista. Do "velho" estudo de fontes para as análises intertextuais é só um passo.Sabemos que sua legibilidade será maior se os articularmos com os textos esparsos ou fragmentos perdidos que eles recuperam para consumo próprio.
PARTE IV
ResponderEliminar...O autor quer estabelecer uma teoria da poesia através da descrição dasinfluências poéticas e se propõe atingir dois objetivos que classifica como corretivos: 1° desmitificar os procedimentos pelos quais um poeta ajuda a formar outro poeta; 2° esboçar uma poética teoria que colabore para uma mais adequada prática crítica.A síntese dos pressupostos eliotianosfoi necessária para que se veja como eles abalam a noção convencional de modelo, pois se distanciam da idéia de reprodução para se ampliarem num significado maior, de atitude crítica que a nova obra adota em relação àquelas que a antecederam. E nessa confrontação, aparentemente absurda, tudo começa a ganharsentido: os textos são na aparência iguais, mas a face invisível deles, a que se revela pelo deslocamento temporal efetuado o texto de Cervantes reaparece idêntico três séculos depois, modifica integralmente o significado. Ao final dos anos 60, surge a chamada "teoria da recepção", também conhecida como "estética da recepção", que desloca o foco de interesse da crítica moderna para a figura do leitor. Terá sido essa, talvez, a reação mais forte contra a posição de leitura "imanente" proposta pelos formalistas e seguida, depois, pelos estruturalistas mais ortodoxos.A articulação entre teoria literária e literatura comparada foiindispensável ao novo impulso que receberam os estudos comparativistasmostrando-se rentável e benéfica. Vários aspectos das relações interliteráriaspassaram a ser analisados sob outra óptica e com outros objetivos, os estudossobre tradução ganharam uma posição central na reflexão comparativista e ostrabalhos sobre história literária tomaram novas direções.
5- LITERATURA COMPARADA E DEPENDÊNCIA CULTURAL
Ficou claro até agora, diversos autores nos ajudam a pensar sobre noções que são fundamentais para os estudos literários comparados e que, vistas sob outro prisma, permitem a revitalização dos estudos de fontes e de influências, que sempre foram o cavalo de batalha do comparativismotradicional. A literatura comparada tinha uma falsa feição de internacionalismo e de espírito de abertura e aceitação. Investigar uma influência, cavoucar as fontes, significava descobrir que determinada cultura era superior a outra, portanto, dominante.Articulados esses dois termos e entendida a vinculação entre eles, a diferença deixa de ser compreendida apenas como um simples objeto a ser buscado em substituição a analogias; e mais do que isso, e recurso preferencial para que se afirme a identidade nacional. Contra os riscos da analogia, as armas do contraste, pois é a diferença que permite nossa inserção nouniversal. É preciso atentar para o risco de cair no extremo oposto. Se antes, no comparativismo tradicional, a direção era única da cultura dominadora para a dominada, comprometendo toda a atuação ao torná-la determinista e restringindo o ângulo de visão, adotar a perspectiva antropofágica consistiria em inverter essa direção, apenas.Auferir da existência tudo o quanto ela nos poderia dar de belo e de bom, era uma receita. Os estudos literários comparados não estão apenas a serviço das literaturas nacionais, pois o comparativismo deve colaborar decisivamente para uma história das formas literárias, para o traçado de sua evolução, situando crítica e historicamente os fenômenos literários.É desse modo que a literatura comparada se integra às demais disciplinas que estudam o literário, complementando-as com uma atuação específica e particular.